Podemos viver sem preconceitos ou pelo menos tentar não cultivá-los
Vivemos em uma sociedade na qual o preconceito já virou uma espécie de câncer que a contamina em todos os setores. Há preconceitos de raça, contra idosos, contra os deficientes físicos, contra os nordestinos, contra os homossexuais entre muitos outros tipos. Não há limites para tais praticas que ganham diversas configurações e esconde alguns paradoxos, havendo discriminação até mesmo de alguns grupos contra outros, ambos alvos de preconceitos. Um exemplo disso e que eu observo há bastante tempo é o preconceito que muitos nordestinos nutrem contra os negros. Vou ficar apenas nesse exemplo para não alongar por demais esse parágrafo.
Gostaria de me ater, especificamente, no preconceito contra os homosexuiais, lésbicas e todos aqueles que escapam da heteronormatividade, conceito que resume um conjunto de atitudes preconceituosas e compulsórias, na qual a homossexualidade é tratada como um desvio do que seria a sexualidade natural do ser humano em geral. Não faço parte de nenhum grupo de defesa dos gays e sou heterossexual, mas vejo a questão de uma forma diversa do que parece ter se tornado senso comum. Não considero que uma pessoa que goste de outra do mesmo sexo seja “anormal” por isso, pois um assunto dessa natureza só diz respeito à própria pessoa, não cabendo a ninguém interferir em uma “escolha” totalmente pessoal, individual e que, por essa razão, não afeta ou não pode afetar ninguém senão ela mesma.
No parágrafo anterior eu coloquei a palavra escolha entre aspas de propósito, pois sei que, em se tratando de sexualidade, não há essa escolha consciente, principalmente se considerarmos que geralmente o desejo ou atração sexual começa a surgir na adolescência. Segundo especialistas no assunto, ninguém escolhe sentir atração física por um ou por outro sexo, ou seja, não há uma ação premeditada que possa se configurar em uma escolha racional, pensada por parte do adolescente. Tudo ocorre naturalmente, espontaneamente sem que haja a intencionalidade nesse processo. Resumindo, ninguém escolhe ser gay ou não.
Quando esta manifestação de afeto por outro colega do mesmo sexo ocorrer dentro da escola, cabe aos professores não censurar e fazer de tudo para evitar a discriminação desse aluno por outros colegas. O professor deve aceitar a autodefinicão do aluno sem questioná-lo e protegê-lo contra tratamentos hostis. Mas, infelizmente não é assim que acontece, pois os professores, muitas das vezes, são os primeiros a discriminar o aluno e apontá-lo como o diferente da turma. Uma atitude dessas na escola e partindo de um educador é algo inaceitável, porém muito comum. Nós, educadores, precisamos nos colocar no lugar dos pais desses alunos, pois alem de professores somos pais e mães de família e ver como nos sentiríamos se o nosso filho ou filha fosse alvo de preconceito na escola, justamente em um lugar onde se deve ensinar que nenhum tipo de discriminação é saudável.
Agora vamos imaginar que tenhamos um filho ou uma filha que “tenha uma opção sexual diferente”, isto é, que ele ou ela seja gay, diferentemente do que a gente imaginava como normal na sexualidade humana. Imaginemos ainda que tenhamos feito de tudo para dissuadi-lo ou dissuadi-la desse propósito sem sucesso. Será que vamos fazer o que muitos falsos moralistas fazem por aí, abandonando nosso filho ou filha à própria sorte no momento em que ele ou ela mais precisa do nosso apoio? Será o nosso preconceito maior que o amor que possamos sentir por um ser que geramos e dedicamos todo o nosso carinho? Acredito sinceramente que os pais que agem de forma precipitada e expulsam um filho de casa por esse motivo estão mais preocupados com o que as pessoas pensam ou falam e não tem amor suficiente para compreender e apoiar o filho nesse momento difícil. Se houver amor suficiente nada é mais importante e mesmo contra o nosso preconceito, ficaremos ao lado do nosso filho ou filha.
Francisco Lima
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