domingo, 21 de março de 2010

OS CASOS DE PEDOFILIA ENVOLVENDO PADRES EM ALAGOAS...

Os Casos de pedofilia envolvendo padres em Alagoas
A edição de 11/03/2010 do conexão repórter apresentado pelo jornalista Roberto Cabrini, agora no SBT, mostra um vídeo de um padre de Arapiraca, interior de Alagoas, fazendo sexo com um rapaz que fora seu coroinha. As evidencias são muitas e não há como negar a veracidade dos fatos mostrados. A meu ver a situação é agravada ainda mais pelas ameaças feitas por um advogado identificado como Daniel Fernandes que aparece na reportagem intimidando e até ameaçando os jovens responsáveis pela gravação, identificados como Flávio e Fabiano.
Os garotos ainda confirmaram que receberam R$ 30 mil reais do advogado em uma negociação intermediada por Monsenhor Raimundo, um dos acusados, para que não divulgassem os vídeos. Durante a apuração, outros jovens foram localizados dizendo que passaram pelo mesmo assédio, chegando à prática do sexo com os padres. Entre eles está um menino, de 11 anos. Ele afirmou que foi assediado por um outro padre da região. Há grandes evidências da culpabilidade dos envolvidos, mas, o histórico de punições a semelhantes casos mostra que, quase sempre, prevalece a impunidade ou, quando muito, são aplicadas penas brandas até que tudo caia no esquecimento e, nesse caso, uma transferência dos acusados resolveria o problema.
No entanto, há informações de que um dos padres já foi afastado da paróquia e será julgado pela justiça civil. E outros dois foram suspensos de suas tarefas eclesiásticas e estão sendo submetidos a um processo canônico por suspeita de pedofilia, ou seja, pelo menos por enquanto, parece que há a intenção séria na apuração desses casos de pedofilia, contrariando ao que acontece na maioria das vezes, mas, é preciso saber o que realmente vai acontecer, pois a imprensa ainda está em cima e não seria bom que a igreja não tomasse nenhuma atitude nesse momento. Esperemos a poeira baixar e vejamos no que vai dar!!
Em muitos casos desse tipo acontece o inverso, pois não são muitos os abusados que tomam o cuidado de se munirem de provas, como no caso de Arapiraca. Muitas dessas vitimas são ainda crianças e demoram a entender o que realmente está acontecendo ou se negam a acreditar que uma pessoa tão venerada por quase toda a comunidade possa cometer semelhantes atos. O que pode ocorrer em muitos casos é que os denunciantes de vitimas, paradoxalmente, passem ser vistos como “culpados” por uma denúncia supostamente vazia. Os acusados são absolvidos por falta de provas materiais e os jovens que se expuseram fazendo a denuncia correm o risco de serem apontados por muitos como responsáveis pela divulgação de “fatos inverídicos.”
O fato é que, por questões práticas (em muitos casos há grandes dificuldades para encontrar um pároco substituto), a igreja quase sempre minimiza tais denuncias. Se necessário for, mobiliza um grande aparato jurídico na defesa dos seus membros mundo afora. Os traumas e problemas das vitimas dos abusos sexuais, para a igreja, muitas vezes, não têm a menor importância. As famílias é que tem de arcar com um ônus muitas vezes pesadíssimo. Essas mesmas famílias ainda podem ser discriminadas pela comunidade religiosa onde se deu o fato, o que muito lamentável.
Como ser humano compreendo que os padres, que são igualmente humanos, estão sujeitos a todas as vicissitudes pelas quais todos nós passamos. Eles não são diferentes e, por isso mesmo, podem cometer erros e ter as fraquezas que todos os simples mortais possuem. A fraqueza é parte da essência humana e não podemos cometer o erro de enquadrar os lideres religiosos, entre eles os padres, em uma categoria especial ou superior aos demais seres da mesma espécie humanoide. Nesse sentido, é uma lástima violentar ou contrariar a natureza humana com regras e imposições arcaicas, elevadas à categoria de dogmas, criadas em tempos remotos motivadas quase que exclusivamente em interesses que visavam a manutenção do poderio da igreja romana, que não poderia perder terras, sinônimo de poder durante a idade media.
Estou me referindo ao celibato clerical que é, nos dias atuais, um contrassenso que só pode ser mantido como imposição de uma instituição que muitas vezes desconhece o sentido da palavra mudança. À parte os casos de homossexualismo, que são muitos na igreja, há outros de clérigos que se envolvem com mulheres, muitas vezes casadas. Os padres têm que ocultar essas relações por estarem cometendo o pecado nefando de agirem como seres humanos. Muitos até se sentem culpados e se autopenitenciam não tanto por estarem levando muitas mães de família ao adultério, mas pelo pecado maior, que seria o ato sexual em si, o prazer sexual, supostamente um grande pecado, já que os votos equivaleriam à pena da eterna castidade.
O fato de muitos casos de pedofilia e supostos desvios sexuais cometidos por padres serem minimizados ou até mesmo ignorados pela igreja tem tudo a ver com essa imposição. Cada vez menos padres se formam, pois não são muitos os seres humanos que querem fazer promessas e votos que irão de encontro à sua natureza humana. É muito difícil a vida de um clérigo que deseja seguir à risca as imposições do celibato. Acredito que seja impossível mesmo viver indiferente ao desejo sexual, ainda que o ato não se consume, dos pensamentos e sonhos, que nem sempre se pode controlar, ninguém estará livre, por mais que se tente fugir. E haja penitencia!!
Eis a minha opinião sincera de pecador convicto, mas que não se furta de observar e pensar sempre num jeito de melhor vivermos como seres humanos. Que me perdoem os católicos ortodoxos, mas esse é meu o jeito de ver esse assunto e acredito que a igreja teria muito a ganhar se parasse para pensar nessa questão. Soluções paliativas servirão apenas para adiar o que pode tornar-se inevitável.
Palavras de um pecador sincero.

Francisco Lima