O futebol no imaginário do povo brasileiro
É incrível a influencia que o futebol exerce no imaginário do povo brasileiro. Nenhum povo cultua tanto este esporte considerado entre nós uma manifestação cultural tão importante quanto o carnaval a religião, a música etc., podendo, no entanto, mobilizar muito mais pessoas que todas essas manifestações, pois abrange todas as classes sociais sem qualquer distinção. É um dos poucos assuntos que mobiliza o povo brasileiro e talvez o único que coloca em pé de igualdade todos os seus simpatizantes, pois qualquer pessoa, independentemente de instrução, condição social, raça, religião etc., desde que aprecie o esporte, se acha em condições de discuti-lo.
É incrível a influencia que o futebol exerce no imaginário do povo brasileiro. Nenhum povo cultua tanto este esporte considerado entre nós uma manifestação cultural tão importante quanto o carnaval a religião, a música etc., podendo, no entanto, mobilizar muito mais pessoas que todas essas manifestações, pois abrange todas as classes sociais sem qualquer distinção. É um dos poucos assuntos que mobiliza o povo brasileiro e talvez o único que coloca em pé de igualdade todos os seus simpatizantes, pois qualquer pessoa, independentemente de instrução, condição social, raça, religião etc., desde que aprecie o esporte, se acha em condições de discuti-lo.
Segundo o antropólogo Roberto da Matta o futebol é um espaço onde a sociedade brasileira simbolicamente se expressa e manifesta-se, deixando-se descobrir. Para o este autor, o futebol praticado, vivido, discutido e teorizado no Brasil seria um modo especifico pelo qual a sociedade brasileira fala, apresenta-se, revela-se e se deixa descobrir desse modo.
Mas o futebol também já foi utilizado pelas classes dominantes com o intuito de afirmação da sua ideologia, isto é, os governantes aproveitaram a paixão que o brasileiro tem pelo futebol para “manipular as massas” em determinados contextos históricos favoráveis. A primeira copa do mundo transmitida pelo radio foi a de 1938 e no Brasil vivia-se então a ditadura do estado novo e o presidente Getulio Vagas aproveitou-se desse fato e fez da sua filha, Alzira Vargas, a madrinha do selecionado brasileiro e o embaixador brasileiro na França (local da copa de 1938) se auto proclamava o torcedor numero um do Brasil. Toda a nação brasileira é convocada para a batalha na França e o governo brasileiro pretende, dessa forma, reforçar a idéia de uma identidade nacional fomentada pela união em torno do futebol. É importante ressaltar que o futebol já era uma paixão nacional desde os anos 20, quando brasileiros já lotavam os estádios de futebol.
Quando o assunto é manipulação através das conquistas do futebol, no entanto, o caso mais clássico que lembramos é o da copa do Mundo no México em 1970. Nesse período vivíamos o momento mais duro da ditadura militar com muitas prisões, torturas e uma perseguição sem trégua do governo aos chamados subversivos ou todos aqueles que discordassem de um regime que não permitia à sua população qualquer tipo de liberdade, ou seja, vivia-se, uma ditadura escancarada. Toda e qualquer manifestação cultural que questionasse ou criticasse a situação vivida pelo Brasil era logo censurada e seus autores corriam o risco de ser presos e torturados. Por essa razão, muitos intelectuais brasileiros preferiram o auto-exílio. Mas, vamos ao futebol. Esse esporte era ainda mais importante nessa época, pois o Brasil já era bi campeão mundial e considerado uma grande potencia nesse esporte. Nesse contexto, o então presidente Emilio Garrastazu Médici foi promovido a torcedor numero um do Brasil e como tal passou a ser um freqüentador assíduo das tribunas de honra dos estádios de futebol e o presidente não só dava opiniões sobre futebol, mas ia além, procurando impô-las e fazendo pressões constantes sobre a escalação da seleção nacional.
A copa disputada no México foi transmitida diretamente para o Brasil como a primeira transmissão em cores em caráter experimental. O numero de televisores ligados assistindo à copa, segundo algumas estimativas, chegava a 600 milhões de aparelhos em todo o mundo. O Brasil foi campeão e tal fato contribuiu decisivamente para a manutenção dos militares no poder. A euforia do povo era gigantesca e esse fato mascarava os problemas vividos no cenário interno brasileiro. O governo militar então se aproveita da euforia geral para se legitimar como se fosse ele, governo, o verdadeiro campeão no México e, ao mesmo tempo, usa a televisão para propagandear o chamado “milagre brasileiro” que proporcionou altas taxas de crescimento econômico e legou para a posteridade um divida externa estratosférica.
Em suma, o futebol é um fator de alegria para o povo brasileiro que o leva, principalmente as camadas menos favorecidas da população, a ter um momento de alegria, de extravasamento dos problemas cotidianos. Uma população que muitas das vezes só encontra alegria nos mementos de vitoria do seu time do coração, que passa por necessidades das mais diversas no dia a dia, precisa de alguma coisa para liberar as suas emoções. Mas, há também o outro lado, o que leva o povo a alienação, sendo o futebol uma espécie de “ópio” que deixa esse mesmo povo esquecido dos demais problemas do País, dos problemas políticos, econômicos, educacionais e muitos outros que podem e devem ser levados em conta, pois senão, nunca sairemos da condição País subdesenvolvido, seremos sempre o País do futuro. Futuro que nunca chegará se não tivermos um povo mais atuante.
Francisco Lima
2 comentários:
Muito bom o texto. Mostra que os políticos sempre dão um jeito de se apropriar das imágens mais caras à uma coletividade.
O futebol é parte indissociável da cultura brasileira e também uma fonte de renda para muitas pessoas envolvidas nessa atividade, principamente os "empresários do setor".
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