segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

OS ERROS NOS ENSINAM MUITO...

Os erros nos ensinam muito
Tenho plena certeza de que agora, mesmo com todos os afazeres, as coisas fluirão melhores e tenderão a uma razoável estabilidade, pois, em se tratando de educação, esperar que tenhamos uma estabilidade duradoura é utopia.
Sabemos que em se tratando de educação, se quisermos fazer o melhor, a mudança deve fazer parte do nosso cotidiano, mesmo que enxerguemos agora nesse momento que, que às vezes, é necessário dar um passo atrás. Isto é, volta e meia teremos que retroceder um pouco para depois avançarmos um pouco mais. É um processo natural para se corrigir rumos.
Quando tive que trabalhar com uma turma de adolescentes eu vivia um memento muito especial, mas era um momento de transição que, com tal, me levava a muitas reflexões sobre os melhores métodos ou formas de trabalhar. Eu estava então saturado dos chamados “métodos tradicionais” (quadro e giz) e queria bani-los da minha prática substituindo-os por formas ou métodos mais adequados com a realidade tecnológica do mundo digital.
Acho que demonizar os chamados “métodos tradicionais” naquele momento atrapalhou bastante a minha pratica e dar um passo atrás era necessário para depois e aos poucos ir avançando e adotando “novas técnicas”. Entre outras coisas, foi isso também que me faltou naquele momento e eu poderia ter feito um trabalho melhor se passasse por cima dessa convicção que acabou virando preconceito.
Hoje reconheço não apenas esse erro, mas também o fato de introduzir as aulas mais modernas com a utilização de filmes e outras mídias sem o devido preparo ou debate com as turmas (eu trabalho com outras turmas no período noturno) que não estavam acostumadas a um trabalho mais subjetivo nos moldes que eu estava propondo. Eu queria apenas fazer as turmas de expressarem e os temas propostos eram e tem sido sempre o mais próximo possível do cotidiano e da realidade deles, como gravidez precoce, desemprego, alcoolismo, abandono paterno entre outras coisas.
Mesmo admitindo que o começo foi meio atropelado e que os primeiros resultados não foram nada animadores eu continuei, pois achava que era uma tendência natural que as coisas melhorassem. A evolução viria com a experiência e minha proposta tendia (e tende ainda) a ser cada vez mais assimilada por eles.
Hoje posso dizer que já começo a colher bons resultados e consegui fazer alunos que tinham medo só de ouvir falar a palavra redação escrever com naturalidade e muito bem. Tudo o que fiz foi dizer para eles escreverem do modo mais natural possível sem preocupar com os erros gramaticais, tendo como foco as ideias. Eu disse também que todos eram capazes de fazer isso, bastando um pouquinho de vontade para levar tal tarefa a cabo.
Houve evolução, mas ainda muito que melhorar, pois sinto que ainda existem muitos alunos com sérias dificuldades e para que eles consigam acompanhar é necessário um trabalho mais voltado para eles. Muitos avançaram de série em série sem ter um domínio completo da leitura e da escrita e isso tem dificultado um pouco esse trabalho de tentar fazê-los se expressar por escrito.
O trabalho em grupo, com vem sendo feito, é bom para que eles se integrem e aprendam algumas vezes com os supostamente “mais preparados”. O que tem acontecido, porém, é que na maioria das vezes a situação fica meio mascarada, pois muitos deles não participam efetivamente do grupo figurando apenas na lista de nomes. E nós, como professores, obviamente, observamos tal discrepância. Pelo menos eu consigo vê-la com clareza.
Todas essas coisas tem me levado a constantes reflexões e esses “erros” têm sido fundamentais para que possamos buscar a melhor maneira de trabalhar. Devemos evitar estereótipos e preconceitos, pois isso atrapalha bastante a nossa caminhada e hoje sabemos que para acertar temos que “errar muitas vezes”, pois só assim vamos avançando e evoluindo.
É preciso levar em conta finalmente que só erra quem tenta e quem tenta está imbuído da vontade de acertar. Espero ter vontade para tentar sempre, errar muito e acertar algumas vezes até que os acertos comecem a ser mais constantes que os supostos erros. Mas os erros vão sempre nos acompanhar para nos ensinar, pois, afinal, somos humanos e, como tais, passiveis de errar.

Francisco Lima

FOTOS...





















sábado, 25 de dezembro de 2010

O VERDADEIRO ESPÍRITO DE NATAL....

O VERDADEIRO ESPÍRITO DE NATAL

Que este ano traga, no mínimo, para todos nós uma reflexão sobre o verdadeiro significado do NATAL.
Que a solidariedade, a fraternidade, enfim o amor em seu sentido Latu sensu possam unir verdadeiramente as pessoas nesta data tão especial chamada NATAL.
Sabemos que para seguir o exemplo do mestre maior, entretanto, temos que fazer 365 natais por ano, isto é, o nosso amor aos nossos semelhantes deve estar VIVO O ANO TODO, sem que tiremos apenas um dia para dedicar esse amor.
Comecemos aos poucos adotando um comportamento diferente do habitual em que apenas uma letra poderá significar mudança de atitudes. Basta que conjuguemos mais o verbo SER e menos o TER. Se, vez por outra, acrescermos a aquela outras conjugações como DOAR e DAR, por exemplo, em vez de apenas COMPRAR e CONSUMIR, estaremos nos aproximando a passos largos do “VERDADEIRO ESPÍRITO DE NATAL.”
Em suma que o mestre dos mestres possa sempre ser lembrado em sua plenitude e isso significa AMOR AO PRÓXIMO acima de qualquer outra coisa.
Sejamos solidários e com certeza estaremos comemorando adequadamente o “ANIVERSÁRIO DO MESTRE JESUS.”

Francisco LimaQue este ano traga, no mínimo, para todos nós uma reflexão sobre o verdadeiro significado do NATAL.
Que a solidariedade, a fraternidade, enfim o amor em seu sentido Latu sensu possam unir verdadeiramente as pessoas nesta data tão especial chamada NATAL.
Sabemos que para seguir o exemplo do mestre maior, entretanto, temos que fazer 365 natais por ano, isto é, o nosso amor aos nossos semelhantes deve estar VIVO O ANO TODO, sem que tiremos apenas um dia para dedicar esse amor.
Comecemos aos poucos adotando um comportamento diferente do habitual em que apenas uma letra poderá significar mudança de atitudes. Basta que conjuguemos mais o verbo SER e menos o TER. Se, vez por outra, acrescermos a aquela outras conjugações como DOAR e DAR, por exemplo, em vez de apenas COMPRAR e CONSUMIR, estaremos nos aproximando a passos largos do “VERDADEIRO ESPÍRITO DE NATAL.”
Em suma que o mestre dos mestres possa sempre ser lembrado em sua plenitude e isso significa AMOR AO PRÓXIMO acima de qualquer outra coisa.
Sejamos solidários e com certeza estaremos comemorando adequadamente o “ANIVERSÁRIO DO MESTRE JESUS.”

Francisco Lima

terça-feira, 2 de novembro de 2010

OS GRANDES ÍDOLOS SÃO ATEMPORAIS...

Os grandes ídolos são atemporais

Vendo vídeos de uma seleção aleatória de monstros da musica fiquei a pensar nos muitos dramas e sofrimentos que carregam esses ídolos que tanto marcaram o nosso passado e continuam vivíssimos no presente, pois substituí-los é quase impossível.
Os que partiram foram seres que, tal como nós, tinham as suas fragilidades que eram bastante potencializadas pelo peso da fama. Não deve ser fácil suportar tanta pressão e até entendo quando alguns decidem isolar-se só para ter um pouco de privacidade, coisa que eles começaram a perder pouco a pouco desde que se tornaram famosos.
Muitos desses “ídolos” não escondem o que se passa no seu interior nem quando estão no palco e as vezes podemos ver e tentar deduzir o quanto estão sofrendo. É difícil não se emocionar ao ver Elis Regina naquela interpretação antológica de atrás da porta em que chora tanto que a sua privilegiada voz fica embargada por um bom tempo. Ela, porém não para de cantar e o resultado é uma rara interpretação que só os grandes ídolos são capazes de nos proporcionar.
Emociono-me muito também quando vejo no vídeo o The Carpenters cantando uma musica como Rainy Days And Mondays, por exemplo, e fico pensando como essas divas da musica deixaram fãs mundo afora e deixaram também um vazio muito dificil de ser preenchido, pois eram unicas naquilo que faziam. Elas não apenas cantavam muito e facil, mas interpretavam com maestria e emocionavam a todos que tivessem o privilegio de assistí-las.
A nossa saudosa Elis foi ainda melhor que karen carpenters, já que fazia questão de se entregar quando estava no palco. Apenas ficamos tristes quando nos damos conta de que muitas vezes essas sumidades no palco morrem precocemente e em circunstancias trágicas que envolvem em alguns casos o uso de drogas, remedios, tranqulizantes entre outras coisas. A morte de karen carpenters foi de anorexia nervosa aos 32 anos de idade, isto é, ainda na flor da idade quando ainda poderia nos presentear com muitas cançoes interpretadas pela sua belissima voz. Uma obsseção doentia pela magreza acabou destruindo uma carreira das mais promissoras na área musical.
Elis Regina, simplesmente consideradada a melhor cantora brasileira de todos os tempos, foi encontrada morta, aos 36 anos de idade. Ela estava trancada em seu quarto e o laudo apontou uma possivel combinação de alcool e cocaina. Até hoje não surgiu ninguém que possa ser comparado(a) a essa divina cantora. Esperamos que ela continue cantanto e encantando onde quer que esteja!
Outra diva da nossa musica a inesquicivel Clara Nunes Morreu em 02 de Abril 1983, depois de 28 dias de agonia, hospitalizada após um choque anafilático ocorrido durante uma cirurgia de varizes. Ela estava prestes a completar 40 anos, isto é, morreu muito jovem também.
Outros grandes ídolos seguiram no mesmo caminho como Elvis Presley que morreu de overdose de remédios e muitos outros como Janis Joplin e Jimi Hendrix que acabaram sucumbindo pelo uso excessivo de drogas. Esse círculo vicioso parece uma sina que persegue muitos daqueles que são alçados à condição de ídolos pelo seu indiscutível talento.
Mas a habilidade e a maestria naquilo que fazem não lhes garante o equilíbrio emocional necessário para se livrarem das armadilhas das drogas, do alcoolismo, dos comprimidos e muitas outras substâncias que podem levá-los a encerrar uma carreira brilhante de forma precoce ou até a mesmo levá-los a morte como já aconteceu em muitos casos e o mais triste é que isto acontece com cantores (as) atrizes, atores, jogadores de futebol, enfim, com todos aqueles que foram alçados à condição de ídolos e tornaram-se famosos, algumas de forma repentina.
Muitos desses artistas de indiscutível talento ainda estão brilhando, mas percebemos que suas carreiras podem estar definhando pelo mesmo motivo que vitimaram os seus ídolos do passado. Um grande exemplo disso é o da cantora Whitney Houston que, na minha opinião é um dos maiores talentos dos últimos vinte anos e que volta e meia aparece na mídia devido ao excessivo uso de drogas. Esperamos que ela dê a volta por cima e continue por muito tempo nos brindar com seu talento.
Para nós, os simples mortais, restam as recordações de como brilharam esses ídolos do passado nos melhores momentos das suas, não poucas vezes, curtas carreiras. Na maior parte das vezes esse curto tempo não os impediu de deixar um grande legado para a posteridade.
Esperamos que os jovens de hoje, com o acesso fácil uma grande quantidade de mídias, conheçam bem o talento desses ídolos do passado. Eu sei que muitos já os cultivam mesmo sem tê-los conhecido.
Entretanto, como não somos ingênuos, sabemos que essa recorrência no uso de drogas, comum em muitos dos grandes ídolos do passado e do presente acabam influenciando muitos desses jovens que cada vez mais cedo entram nessa viagem sem volta que é o mundo das drogas.
Francisco Lima

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

AINDA SOU PT E ME ORGULHO DISSO...

É incrível como as vezes nos deixamos levar pelo discurso alheio que pode ser motivado por interesses de grupos que não querem compartilhar alguma coisa. No caso da política, se vivemos em uma democracia, essa coisa que deve ser compartilhada é o poder. Sabe-se que quando repetidas muitas vezes as palavras tendem a ganhar status de verdade, ainda que esteja longe de sê-lo. Ainda mais quando se utiliza a força da imprensa para reforçar essa suposta verdade.
Uma instituição poderosa como a igreja católica, por exemplo, não pode ser toda ela condenada pelos desvios cometidos por alguns de seus membros. Mesmo que sejam muitos os casos de desvios, ainda assim não dá para condenar a instituição como um todo. Onde há seres humanos em grande quantidade é impossível manter-se o controle de todos e garantir que nunca acontecerão desvios de qualquer natureza.
Toda e qualquer instituição, seja ela de que natureza for tem ou pode ter um dia, já que é controlada por seres humanos, que como tais são passiveis de erros, problemas de casos de desvios sem que qualquer pessoa racional pense em acabar com essa instituição pelos erros cometidos por alguns de seus membros.
Um clube de futebol, por exemplo, que tem ou já teve casos de corrupção entre seus dirigentes ou funcionários, deve ser condenado pelos seus torcedores e estes últimos devem mudar de clube devido a esses casos de corrupção? Sem duvida que não, pois os dirigentes e funcionários passam e o clube permanece.
E um partido político, deve ser condenado pelos desvios de alguns de seus membros e nesse sentido cair no descrédito total ou pode-se usar o mesmo critério do clube de futebol? Acredito que nesse caso não pode haver diferença e tanto o partido político, quanto o clube de futebol ou qualquer outra instituição não podem cair em total descrédito devido a desvios cometidos por alguns de seus membros. Afastam-se as pessoas que cometeram os desvios e corrige-se o que está errado.
Muitos partidos tem em suas fileiras pessoas que se envolveram em graves casos de corrupção como no caso de Valérioduto mineiro (PSDB), em que Eduardo Azeredo recebeu ajuda (caixa 2) em sua campanha do mesmo Marcos Valério que posteriormente passará a ser conhecido nacionalmente. Nesse mesmo episodio o então candidato a deputado federal Aécio Neves teria recebido R$ 110 mil da campanha de Azeredo. Isto é todos esses fatos aconteceram desde 1998 e não foram devidamente investigados naquela época. Existe também o caso do mensalão do DEM em Brasília entre muitos outros.
Até então, quase não se associava assim de forma tão direta e ostensiva o nome do partido aos atos de corrupção de alguns de seus membros. Não sei ao certo se a imprensa começou a associar o partido como instituição aos atos de corrupção de alguns dos seus filiados justamente quando o PT chega ao poder. O que posso observar é que com a chegada do Partido dos Trabalhadores ao poder e após as primeiras denuncias de corrupção, a imprensa sempre associou as denuncias feitas por ela ao PT, fazendo questão de tentar colocar o “povão” contra o partido. Isso talvez ela nunca tenha feito antes. Será que todas essas coisas são meras coincidências? Acredito sinceramente que não!!
Muitas dessas denúncias nunca foram comprovadas e o Freud Godoy, ex-assessor pessoal do presidente Lula, acusado injustamente do esquema de uma suposta compra de um dossiê com informações contra os tucanos no período pré-eleições de 2006 é um de muitos outros em que a imprensa errou e jamais se retratou.
Vale dizer que a imprensa estava, como sempre, do lado tucano e, nesse sentido, acabava aceitando muitas denúncias sem uma comprovação séria de veracidade, desde que tais denuncias fossem contra o PT, de preferência envolvendo diretamente o presidente Lula. Claro que ficou na saudade, pois jamais conseguiu nada que envolvesse diretamente a figura do presidente!
Acredito que foi sempre proposital a ideia de a imprensa tentar colocar a população contra o PT, apontando-o como responsável por todos os atos de corrupção acontecidos durante o governo Lula. Em todos os governos anteriores houve muitos casos de corrupção, mas nunca vi a imprensa noticia-los com tanta insistência e principalmente buscando uma forma de fazer uma instituição cair em total descrédito junto à população.
É positiva a divulgação de atos de corrupção na imprensa desde que sejam comprovados e verdadeiros. O que não é ético e nem positivo, na minha opinião, é um posicionamento tão evidente da maioria da imprensa ao lado desse ou daquele candidato ou partido como tem acontecido há muito tempo.
Dar a desculpa de que o PT se considerava o partido mais ético para tentar linchá-lo junto à opinião publica não cola, pois, como já disse, onde há seres humanos, principalmente quando os há em grande quantidade, é totalmente impossível se ter o controle de todas as ações praticadas de todos os membros de determinado grupo ou partido.
Assim, considero que sempre foi uma covardia da imprensa tentar o descrédito do PT junto à população. Ainda bem que ela não foi tão bem sucedida no seu intento e o PT só fez crescer a despeito de todas essas tentativas de linchá-lo e apesar dos muitos erros cometidos por políticos que se mostraram indignos de fazer parte da legenda, considero que das opções que se apresentam no momento, o PT ainda é e será por muito uma das melhores escolhas de partido político no Brasil, pois muitos dos grandes nomes que ajudaram a fundá-lo como Aloísio Mercadante e Eduardo Suplicy, por exemplo, por lá ainda permanecem e sabem que o partido como instituição está acima dos erros de alguns políticos que por eles passaram.
Por tudo isso, ainda sou PT e me orgulho disso.

Francisco Lima

domingo, 29 de agosto de 2010

A CULPA, O MEDO, O FANATISMO RELIGIOSO....

A culpa, o medo, o fanatismo religioso....
Quem já não se sentiu culpado uma vez ou outra na vida? Às vezes nos deixamos levar pela empolgação de um gole a mais e quando nos damos conta já passamos de um limite recomendável ou do limite socialmente aceitável. Nesse estado, vez por outra, a empolgação pode nos levar a falar determinadas coisas ou cometer determinados atos que dificilmente aconteceriam se estivéssemos no “juízo perfeito.”
Mas, as vezes, tudo pode ser resolvido com um pedido de desculpas que, em tese, nos livraria da culpa pelo arrependimento dos atos praticados, dependendo da gravidade desses atos.
No entanto, o medo e a culpa sempre foram utilizados pelas religiões para incutir nos seres humanos a necessidade deles se afastarem das chamadas tentações que poderiam levá-los a cometer pecados. O medo dos desvios levaria supostamente à melhoraria de conduta, mas depois do erro cometido sobrevém a culpa que pode não durar muito no caso dos católicos, pois as prescrições podem variar chegando a algumas centenas de padre nossos e ave-marias que tendem a expurgar ou deletar os pecados se eu me utilizar um termo mais atual.
Em suma, na sua essência, a religião está assim, intimamente ligada ao medo de duas formas. Se por um lado, usa-o para alimentar a fé dos fieis; por outro, é fomentada pelo irracional medo do desconhecido inerente à natureza humana. Isto é, vivemos com medo do fogo do “inferno” e tentamos amealhar virtudes para que possamos habitar o paraíso dos justos pela a vida eterna. Ainda que as virtudes sejam apenas aparentes, o que acontece muitas das vezes em nossa sociedade em que as pessoas são o que parecem ser.
No entanto, o medo de “cometer pecados” segundo o que seria pregado pela “visão tradicional” de algumas religiões ocidentais leva muita gente à paranoia e não poucos a interpretações errôneas sobre o verdadeiro sentido do que seriam as religiões.
A paranoia moderna é o fanatismo que está deixando muita gente perturbada e muitos chegam verdadeiramente à loucura por essa razão. Com essa deturpação ou interpretação equivocada do verdadeiro espírito religioso, muitas pessoas estão se tornando intransigentes, intolerantes e até mesmo agressivas com quem não comunga da sua mesma fé.
É perigoso demais esse fenômeno que vem se alastrando como um rastilho de pólvora sendo propagado por pessoas intelectualmente e emocionalmente despreparadas e que só enxergam a oposição maniqueísta bem e mal que se opõem de maneira absoluta. Tal visão é uma distorção e um reducionismo grosseiros do verdadeiro sentido do que seriam as religiões.
De acordo com alguns estudiosos, o fanatismo pode florescer, sobretudo no âmbito do ressentimento, da revanche, da superação de uma humilhação. E ainda mais se os ressentidos julgam que se trata de uma humilhação injusta e indevida, sobretudo em contraste com um período de esplendor perdido e que deve ser recuperado a todo custo. O quadro se completa se, além disso, for possível identificar um inimigo (real ou imaginado), responsável pelo atual período de decadência.
Jean Lauand, Prof. Titular da Univesidade do Porto em portugal nos dá o belo exemplo que explica de certo modo o que está no paragrafo anterior. Segundo ele:
“Hitler não era meramente um desequilibrado que por métodos de terror enganou o povo alemão. Hitler apresentava-se como a real esperança de uma Alemanha humilhada e ressentida pelo esmagador Tratado de Versailles que lhe fora imposto (cabe lembrar que, em certos meios cristãos, Hitler era bem visto: por exemplo, Julián Marías conta em suas memórias que na Espanha oficialmente católica pós-guerra civil: “Hitler e Mussolini eram os ‘salvadores da civilização ocidental’ e piedosas senhoras punham o retrato de Hitler ao lado da imagem de Nossa Senhora do Pilar. A encíclica de Pio XI Mit brennender Sorge, contra os erros e perigos do nacional-socialismo, era proibida”; para aquele catolicismo oficial, o Führer era visto até mesmo como o “salvador da cristandade”).”
Muitos outros horóis às avessas surgem por aí e são aclamados e endeusados pelos povos oprimidos que, muitas vezes, já não têm esperança de uma vida melhor. Bin Laden também pode ser apontado com um exemplo desse tipo.
Aliás, um dos pontos chaves, a meu ver, está no sofrimento, na opressão, na miséria etc. que leva esse povo carente de tudo a acreditar em muitos charlatãos que surgem de tempos em tempos pregando um céu exclusivo para os seus seguidores.
São os novos milenarismos que surgem justamente em um tempo de prufunda descrença e desesperança. Talvez por isso mesmo tais pregadores obtenham sucesso em sua empreitada, mesmo sendo os seus discursos desprovidos de profundidade e até mesmo de coerência em alguns casos.
Os conceitos de liberdade e religião são disctitidos pelo mesmo professor citado acima que assevera:
“Quanto mais glória, quanto mais história, quanto mais orgulho tiver havido antes da decadência, quanto mais “indevida” for a situação de miséria atual, tanto mais êxito fácil alcançará o líder que souber canalizar os ressentimentos da massa que, guiada pela retórica e pelos resultados espetaculares da seita ou do movimento, não se importará muito com a supressão da liberdade e a falta de ética dos métodos utilizados. Afinal, o grupo de eleitos está numa missão e eles são os “autênticos fiéis”, a militância de Deus.”
E prosegue afirmando:
“Há alguns ingredientes que podem catalisar e agudizar essa consciência de revanche de Deus por parte de instituições radicais: o anúncio, mais ou menos velado, da proximidade do fim do mundo - uma constante nos fanatismos cristãos, embora o próprio Jesus Cristo, quando perguntado, alegou não saber quando ocorreria (Mt 24, 36) -, a propensão a difundir disparatadas “profecias” e “aparições” que “confirmem” os “sinais” de que o fim dos tempos está muito próximo e o “Anticristo” já está circulando por aí... sinais que, como era de esperar, incluem a “imoralidade nunca vista” dos nossos tempos. É o ressentimento contra a secularização, a mídia, o mundo, que erradicaram o sagrado e o hostilizam...”
Diante de tudo o que foi exposto, dá para se ter uma noção do perigo representado pelo fanatismo religioso. Muitas vezes, as pessoas fanáticas perdem a capacidade de pensar racionamente e levam quase tudo para o âmbito da sua fé. Todos os que não comungam da sua religião, não raro, são vistos como inimigos em potencial.
Nesse sentido, o Deus vingador expresso em algumas partes da biblia como na passagem de atos 17 que diz:
(“...) A ira de Deus está sendo “reservada” e está para ser direcionada para aqueles que rejeitam a revelação de Deus sobre Ele mesmo.”
Esse Deus que se vinga daqueles que o rejeitam se encaixa como uma luva no discurso radical e irracional desses “pregadores da boa nova.”
Mas a sociedade contemporânea já é suficientemente complicada e cheia de culpas e medos para que busquemos ainda mais sofrimentos ancorados num suposto sentido religioso. Vivemos cheios de fobias (medos) e criamos verdadeiros monstros como a síndrome do pânico que além do medo nos tira o que é fundamental para qualquer ser humano que é a liberdade.
Trabalhamos muito para dar boa educação e tudo do bom e do melhor para a nossa família, mas ficamos culpados por não termos muito tempo para os nossos filhos que muitas vezes crescem sem nos darmos conta disso. Temos que conciliar muitos afazeres (principalmente as mulheres) e muitas vezes não temos tempo suficiente para dar conta de tudo.
Enfim, não precisamos buscar outras formas ou maneiras de nos tolhermos em uma sociedade que já não nos dá o direito à liberdade devido à banalização da violência e na qual o medo e culpa já está presente no cotidiano de quase todos nós.

Francisco Lima

quinta-feira, 8 de julho de 2010

A TEOLOGIA DA LIBERTAÇÃO, AS IGREJAS e O PODER NA AMÉRICA LATINA...

A teologia da libertação, as igrejas e o poder na America latina.

Vendo a “alienação política” a que chegamos, pelo menos no Brasil de hoje, sinto saudades dos tempos em que a tão poderosa igreja católica (junto com alguns seguimentos protestantes) , eram engajados na America latina, nas questões sociais e políticas. Nesse período, a preocupação principal dos teólogos engajados era libertar o povo pobre e oprimido da secular exploração, dando-lhes a principal ferramenta para se libertar desse domínio que é a conscientização.
Pena que eu ainda era muito novo no final dos anos setenta e começo dos oitenta para compreender a extensão desse magnífico trabalho iniciado por grandes nomes como Paulo Freire e Leonardo Boff e empreendido por muitos intelectuais que acharam que a situação poderia mudar se dessem vez e voz aos trabalhadores, as donas de casa e a todos aqueles quisessem buscar o seu espaço em uma sociedade que então se fortalecia com o começo da abertura política.
Essa mesma sociedade, entretanto, permanecia muito injusta e os políticos no poder eram apenas um reflexo dela representando, como sempre, os interesses dos bem nascidos. Dessa forma, uma mudança radical se fazia necessária para contemplar os mais diversos segmentos sociais que necessitavam de representação política.
Com a abertura política no Brasil, vislumbrava-se a possibilidade de que esses segmentos sociais historicamente alijados do poder pudessem finalmente ter a sua chance de ser representados na política para que o país se tornasse uma democracia de fato. Caso isso não acontecesse continuaríamos com as seculares desigualdades que infelizmente é uma marca da nossa sociedade herdeira do escravismo, do latifúndio etc.
Leonardo Boff, Paulo Freire e os muitos intelectuais que aspiravam uma sociedade mais justa não encontraram um espaço mais adequado para discutir as questões sociais e políticas. As igrejas talvez fossem o lugar mais seguro, pois, a partir de 1964, os militares tomaram o poder no Brasil e não admitiam nenhum tipo de reivindicação ou contestação. Na America latina também sucediam os golpes militares nesse período.
Enfim, buscava-se apenas fugir ao controle de governos que se impunham pela força e perseguiam sistematicamente qualquer tipo de manifestação de cunho político ou ideológico. Paulo Freire fora taxado de subversivo por ter como meta não apenas a alfabetização dos trabalhadores, mas também a sua conscientização.
Em suma, as igrejas tornam-se um rico espaço de debates políticos e sociais e servem de laboratórios para o surgimento de grandes lideranças políticas surgidas não apenas entre os intelectuais, mas entre os trabalhadores também. Eram os espaços onde se poderia gestar uma sociedade verdadeiramente democrática.
Acredito que talvez esses tenham sido espaços privilegiados onde, na efervescência dos fins dos anos setenta, no caso brasileiro, discutia-se a criação de um partido só para os trabalhadores. Não há como negar a importância desses espaços nos debates políticos nacionais.
Entretanto, quando falamos da igreja católica no Brasil, não podemos deixar de lembrar que ela está subordinada à sua matriz romana e como tal deve seguir as recomendações vindas de lá. Cedo ou tarde, esses “teólogos subversivos” teriam que prestar contas a Roma, explicando o porque desse interesse contínuo pelas causas dos menos favorecidos.
Não podemos deixar de lembrar que alguns seguimentos protestantes também faziam parte desse “movimento de libertação dos pobres” e igualmente que os conservadores protestantes, por seu turno, também voltar-se-iam contra o perigo que poderia representar essa conscientização dos menos favorecidos.
Isso também não era interessante para a igreja católica como instituição, pois todas essas coisas poderiam gerar insatisfações nas camadas mais privilegiadas da população e talvez não fosse bom para a igreja dar apoio a causas contrárias a sua postura que quase sempre foi conservadora.
Enfim, por causa dessa ousadia de querer dar voz aos pobres, Leonardo Boff, fundador e principal representante da teologia da libertação foi perseguido e “julgado pelo vaticano” sem direito de defesa. Segundo o próprio Leonardo Boff, em uma entrevista, tal perseguição começou em 1982 quando ele escreveu o livro Igreja: carisma e poder, no qual aplicava as intuições da teologia da libertação às condições internas da Igreja. No livro, ele denunciava a opressão da mulher, o atropelo dos direitos humanos, a concentração de poder nas mãos do clero e o controle severo das doutrinas.
“A teologia da libertação é um movimento teológico que quer mostrar aos cristãos que a fé deve ser vivida numa práxis libertadora e que ela pode contribuir para tornar esta práxis mais autenticamente libertadora (MONDIN, 1980, p. 25). Neste sentido, o cristão é impelido a viver a práxis libertadora nas diversas épocas da história.”
O termo libertação foi cunhado a partir da realidade cultural, social, econômica e política sob a qual se encontrava a América Latina, a partir das décadas de 60/70 do último século. Os teólogos deste período, católicos e protestantes, assumiram a libertação como paradigma de todo fazer teológico.
De acordo com mesmo autor citado acima, O marxismo passa a ser a filosofia predominante na análise sócio–analítica feita pela teologia da libertação. Porém, o marxismo é utilizado como instrumento, não tendo fim em si mesmo. “Na teologia da libertação o marxismo nunca é tratado em si mesmo, mas sempre a partir, e em função dos pobres” (Ibidem, p. 45). O sentido último da teologia não é Marx, mas Deus.

O argumento de que o marxismo tomara conta da igreja era o que faltava para que os conservadores entrassem em cena para acabar com essa farra dos pobres que queriam apenas participação política, isto é, ansiavam pela democracia em seus países. Na America latina, entretanto, predominavam regimes autoritários e tais aspirações dificilmente seriam realizáveis em tais regimes.

Enfim, voltando a Leonardo Boff: ele recebeu um processo judicial junto à ex-Inquisição presidida pelo Cardeal J. Ratzinger ( futuro Bento XVI) em 1984 e sentou na mesma cadeira onde sentou Galileu Galilei e Giordano Bruno e durante três horas foi interrogado pelo Cardeal. Depois foi punido, pois lhe impuseram o silêncio obsequioso, uma espécie de silêncio penitencial, foi deposto da cátedra de teologia sistemática e ecumênica e proibido de escrever e publicar.
O próprio J. Ratzinger já havia condenado a teologia da libertação em artigo falando sobre o assunto. Para ele, essa nova corrente teológica tinha o seguinte significado:
“A libertação, para a teologia da libertação, é conquistada pela via política, e não pela Redenção de Jesus, o "Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo" (Jo1,29). Jesus veio para "salvar o seu povo dos seus pecados" (Mt 1,21), e disse a Pilatos que “o seu Reino não é deste mundo”. O pecado, para a teologia da libertação, se resume quase que só no "pecado social", mas este, não será "arrancado" com a conversão e com os Sacramentos da Igreja, mas com a “libertação” do povo, pela luta política. Daí o fato de haver um laxismo moral e espiritual em muitos adeptos dessa teologia. Muitos não valorizam a celebração da Missa, a não ser como uma "celebração de mobilização política" do povo oprimido. Não se valoriza suficientemente a oração, a Confissão, a Eucaristia, o santo Rosário, a adoração ao Santíssimo Sacramento, e a todas as práticas de espiritualidade tradicionais, que são, então, consideradas superadas e até alienantes.”
Em resumo, o argumento dos conservadores, tanto católicos quanto protestantes, era a defesa das ritos e cultos tradicionais que estariam sendo subvertidos por essa nova corrente teológica. Não haveriam outros interesses que não fossem os estritamente religiosos.
Entretanto, quer direta ou indiretamente, a defesa dos privilégios dos bem nascidos e até então donos do poder não pode ser descartada, levando-se em conta os posicionamentos que quase sempre são assumidos historicamente no caso da igreja católica. É notória a sua defesa do status quo dos ricos e, acredito eu, não seria dessa vez que assumiria um posicionamento diferente.
Nesse caso, o discurso da igreja e dos protestantes veio bem a calhar para todos aqueles que nunca aceitaram e não aceitam em hipótese alguma dividir um pouco do muito que têm com uma polução de milhões de famintos. Essa população tendo representantes no poder significaria uma ameaça aos muitos privilégios desses eternos donos do poder na America latina e tal mudança na situação vigente não poderia interessar a elite que foi beneficiada, talvez não por acaso, pelo discurso conservador dos religiosos. E a posição dos conservadores, como quase sempre acontece, acabou prevalecendo.

Francisco Lima


quarta-feira, 26 de maio de 2010

PROFESSORES x EDUCADORES...

Professores X educadores

Ando pensando muito sobre a situação caótica a que chegou a educação pública (e, em muitos casos, a privada também) em nosso país e me pergunto onde estariam as belas teorias de celebres educadores como Paulo Freire. Lembro-me também, imediatamente, de uma frase de Rubem Alves que é um
psicanalista, educador, teólogo e escritor brasileiro. Ele faz uma pergunta em tom de brincadeira, mas que traz no seu bojo uma reflexão muito séria que é, a meu ver, uma das chaves para explicar a crise pela qual passa a educação nesse momento: educadores, onde estarão? Ele ainda arremata com com outra frase cortante : em que covas se terão escondido?
Para o autor citado acima, professores há aos milhares, mas de acordo com ele professor é profissão, não é algo que se define por dentro, por amor. Educador, ainda segundo Rubem Alves, é vocação, não é profissão.
O mesmo autor segue na sua indagação sobre as profissões que desaparecerem por obsolescencia e e faz uma analise interessante sobre a profissão docente:
“E o educador? Que terá acontecido com ele? Existirá ainda o nicho ecológico que torna possível a sua existência? Resta-lhe algum espaço? Será que alguém lhe concede a palavra ou lhe dá ouvidos? Merecerá sobreviver? Tem alguma função social ou econômica a desempenhar?”
Alves acredita que no mundo moderno, racionalizado e capitalista pode ser que educadores sejam confundidos com professores, da mesma forma como se pode dizer: jequitibá e eucalipto, não é tudo árvore, madeira? No final, não dá tudo no mesmo?
E conclui o seu raciocínio arrematando:

“Não, não dá tudo no mesmo, porque cada árvore é a revelação de um habitat, cada uma delas tem cidadania num mundo específico. A primeira, no mundo do mistério, a segunda, no mundo da organização, das instituições, das finanças. Há árvores que têm uma personalidade, e os antigos acreditavam mesmo que possuíam uma alma. É
aquela árvore, diferente de todas, que sentiu coisas que
ninguém mais sentiu. Há outras que são absolutamente idênticas umas às outras, que podem ser substituídas com rapidez e sem problemas.”

Para o autor:
“Os educadores são como as velhas árvores. Possuem uma fase, um nome, uma “estória” a ser contada. Habitam um mundo em que o que vale é a relação que os liga aos alunos, sendo que cada aluno é uma “entidade”suigeneris, portador de um nome, também de uma “estória”, sofrendo tristezas e alimentando esperanças. E a educação é algo pra acontecer neste espaço invisível e denso, que se estabelece a dois. Espaço artesanal.”

Por outro lado:

“Professores são habitantes de um mundo diferente, onde o educador” pouco importa, pois o que interessa é um crédito” cultural que o aluno adquire numa disciplina identificada por uma sigla, sendo que, para fins institucionais, nenhuma diferença faz aquele que a ministra. Por isto mesmo professores são entidades “descartáveis”, da mesma forma como há canetas descartáveis, coadores de café descartáveis, copinhos plásticos de café descartáveis. De educadores para professores realizamos o salto de pessoa para funções.”

Pelo que se viu acima, a visão do educador Rubem Alves já era bastante progressista e pode ser comparada em diversos aspectos com a de Paulo Freire, um contemporâneo de Rubem. Este ultimo, aliás, é referencia até hoje mundo afora e teria feito uma grande revolução na educação brasileira se não tivesse as suas ideias tidas como subversivas e sido perseguido pelos militares após o golpe de 1 de abril de 1964.
É muito triste vermos que as brilhantes ideias de Freire, Alves, Moacir Gadotti entre outros não sejam levadas a serio em muitas instituições educacionais. Muitos professores ( que relutam em ser educadores) consideram que esses caras são verdadeiros visionários que desconhecem a situação real das nossas escolas.
Lamento que tenhamos chegado a um ponto tão critico, mas, eu acredito que uma das razões para a tão grave crise educacional que vivemos é justamente por não termos considerado a ajuda tão valiosa desses autores.
Outros problemas há que influenciaram negativamente e de forma decisiva o nosso sistema educacional. A herança tecnicista da ditadura levou a esse modelo de avaliação que, em muitos casos, ainda prevalece que é o de perguntas e respostas fechadas, sem que o aluno tenha direito de se expressar.
Paulo Freire pregava um modelo educacional dialógico, que considera que o estudante também possui muito saber e este pode e deve ser expresso. Para Freire até os trabalhadores analfabetos possuem muita sabedoria devido a sua rica historia de vida.
Na sua visão de grande educador, Freire considerava que todos eram estudantes, ou seja, aquele que busca conhecimentos. Na verdade, os trabalhadores buscavam os conhecimentos sistematizados para agregar mais ao que já possuíam de leitura do mundo.
Ninguém, nesse sentido, poderia ser considerado aluno, que quer dizer ser sem luz. Essa palavra soa obsoleta na teoria educacional freiriana que sempre pregou que o conhecimento se produz de uma forma dialética, isto é, há uma mão dupla em que o professor não só ensina, mas também aprende muito com os estudantes.
Infelizmente, hoje ainda vemos muitos professores que se acham donos exclusivos do saber. Lecionam determinada disciplina e acham que os alunos (não estudantes nesse caso) são seres ignorantes que devem agradecê-los por estar “depositando um pouco do que sabem em suas cabeças vazias.” É o que Paulo Freire denominou de “educação bancaria.”
É verdade que o grau de desmotivação dos estudantes nunca foi tão grande. Poucos se interessam pelas aulas que são dadas no modelo tradicional. Os conhecimentos transmitidos não fazem sentido para eles e é difícil prender-lhes a atenção.
No entanto, quando o professor se propõe a ser mais flexível e começa a mudar de estratégias. Quando ele começa a utilizar outras ferramentas como filmes e começa a ouvir a opinião dos estudantes sobre como utilizar novos métodos para tornar as aulas mais agradáveis, o interesse pode aumentar substancialmente.
Eu sei é que tá complicada a situação. A desvalorização do magistério leva a desmotivação dos mestres que tem que trabalhar em varias frentes para conseguir pagar as suas contas no final dom mês. É imprescindível que essa situação se reverta o mais rápido possível, mas isso não pode ser motivo para que percamos os nossos ideias.
Precisamos urgente fazer essa metamorfose que transformará professores em educadores e alunos em estudantes. Não é apenas uma questão de designação ou de nome. Trata-se de uma mudança que não pode mais esperar.
Para que isso aconteça, no entanto, muitos de nós, professores, teremos que descer do pedestal em que nos encontramos agora até nível dos alunos, já que, erroneamente, nos achamos superiores. Enquanto nos mantivermos nessa “cômoda situação” de falsa superioridade, não nos transformaremos em verdadeiros educadores.
Eu sei que é difícil equacionar essa situação nesse momento em que a indisciplina grassa nos ambientes educacionais. Mas, as mudanças podem acontecer com respeito mutuo, sem confundir disciplina com autoritarismo, um dos grandes motivos de atraso em nosso sistema educacional.

Francisco Lima

segunda-feira, 3 de maio de 2010

SOCIEDADE PÓS-MODERNA

Sociedade pós- moderna”
O desenvolvimento tecnológico, principalmente a partir do século XIX, foi uma meta perseguida pela ciência, como o meio mais rápido e eficaz para o homem encontrar a tão almejada felicidade. Que maravilha seria se essas previsões se concretizassem! Queríamos poder acreditar que todo esse “progresso” trouxe bem estar a toda humanidade ou, pelo menos, à maior parte dela. Mas, está acontecendo um paradoxo que ao mesmo tempo em que leva a possibilidades nunca antes vistas na aquisição de bens e serviços em geral, traz uma insatisfação que afeta a todos, sem distinção. Ou seja, ao contrário do que imaginavam os pensadores do século XIX, vê-se um avanço generalizado da ciência, mas, concomitantemente, nunca se viu tanta disparidade de estilos de vida, tanta insatisfação e, sobretudo, tanta perplexidade diante do futuro do homem.
É verdade que muitos dos paradigmas vigentes no século XIX e que sobreviveram até bem recentemente estão sendo quebrados e isso pode estar levando muita gente a não achar novas referências para substituí-los. Alguns estudiosos como Mônica Rangel da UFF afirmam que:
“As descobertas dos cientistas na área das ciências naturais e os estudos na área das ciências sociais, contribuíram para a descrença e o descrédito de antigos mitos e dogmas que, durante muitos séculos, fundamentaram a conduta e a organização da sociedade.”
É bem verdade que a autora do artigo citado faz uma discussão sobre os pressupostos que norteiam a ciência, mas, eu acredito, pelo menos em parte, que ele possa ser aplicável também à sociedade e os problemas que ela enfrenta no momento atual, pois muitos dos dilemas enfrentados pela ciência se estendem à sociedade como um todo.
Esse descrédito e a descrença quase que generalizada dentro da sociedade está levando a um pessimismo sem precedentes que contamina muita gente. Não existe mais o sonho de se lutar por uma sociedade melhor e o individualismo está se alastrando como uma epidemia em nossas sociedades. E essa onda de pessimismo é um fenômeno democrático que atinge a todas as classes, pois contaminou até o historiador norte-americano Francis Fukuyama que, em 1989, declarou o fim da História. Para ele, a História havia chegado ao seu final e todos os países do mundo se juntariam ao redor de um sistema político e econômico, chamado de democrático, o qual muitos chamam de neoliberal. O futuro da humanidade teria apenas um caminho, o pensamento único e, nesse sentido, a História teria acabado.
É claro que posteriormente, após algumas crises econômicas, o mesmo Fukuiama reviu ou, pelo menos, reavaliou em parte a sua posição.
O fato é que muitos jovens vivem sem expectativa e sem perspectivas de futuro. Não têm vontade de estudar e é muito difícil convencê-los dessa necessidade. Em muitos casos, as relações humanas estão sendo substituídas pelas relações virtuais devido a uma serie de fatores, entre eles, a violência que está se banalizando e atinge até as escolas, coisa inimaginável até algum tempo atrás. As chamadas doenças psicossomáticas que são manifestações orgânicas provocadas por problemas emocionais e causam depressões, tensões nervosas entre outras coisas são a uma constante em nossas sociedades. De acordo com o psiquiatra Augusto Cury, o normal nas sociedades modernas é ser neurótico, isto é, apresentar algum dos vários sintomas que caracterizam as doenças psicossomáticas, ou seja, quase não existe quem consiga sair imune dessa onda avassaladora de estresse que nos circunda.
Mas, o que fazer então, devemos considerar que não há mais saída? Será que não há solução?
Temos que acreditar que sim e o mesmo Augusto Cury, citado acima nos dá algumas saídas para que possamos ser vencedores nessa difícil batalha. Esse autor em seu livro pais brilhantes, professores fascinantes constata que os jovens não são preparados para lidar com as decepções. Eles são treinados apenas para o sucesso e viver sem problemas é impossível. O sofrimento, de acordo com o autor, nos constrói ou nos destrói. Devemos usar o sofrimento para construir a sabedoria. Partindo dessa premissa, podemos deduzir facilmente que todo o sistema social estaria no caminho errado, isto é, na contramão dessa teoria, pois condena os erros e, muitas das vezes, obstrui a capacidade das pessoas que ficariam com receio de se expressar com medo de errar novamente.
Para Augusto Cury as escolas cometem um grande equivoco ao não valorizar a criatividade dos alunos, focando em supostos erros e acertos. Segundo ele: “As provas escolares que estimulam os alunos a repetir informações, além de pouco úteis, são frequentemente prejudiciais, pois engessam a inteligência. As provas deveriam ser abertas, promover a criatividade, estimular o desenvolvimento do livre pensamento, cultivar o raciocínio esquemático, expandir a capacidade de argumentação dos alunos. Os testes e as perguntas fechadas deveriam ser evitados ou pouco usados como provas escolares. Nas provas deveria ser valorizado qualquer raciocínio esquemático, qualquer ideia organizada, mesmo que estivessem completamente errados em relação à matéria dada. É possível dar nota máxima para um raciocínio brilhante baseado em dados errados. Isso valoriza pensadores. A exigência de detalhes só deveria ser solicitada aos especialistas na universidade e não no ensino fundamental e médio.”

Para Augusto Cury, a grande crise pela qual estamos passando tem muito das suas raízes na escola que tem que mudar urgentemente. Segundo ele, “A escola não esta educando a emoção nem estimulando o desenvolvimento das funções mais importantes da inteligência, tais como contemplar o belo, pensar antes de reagir, expor e não impor as ideias, gerenciar os pensamentos, ter espírito empreendedor. Estão informando os jovens, e não formando sua personalidade. Os jovens conhecem cada vez mais o mundo em que estão, mas quase nada sobre o mundo que são. No máximo conhecem a sala de visitas da sua própria personalidade. Quer pior solidão do que esta? O ser humano é um estranho para si mesmo! A educação tornou-se seca, fria e sem tempero emocional. Os jovens raramente sabem pedir perdão, reconhecer seus limites, se colocar no lugar dos outros
O autor afirma ser essa uma das principais razões para a grave crise social que estamos passando, pois nunca as pessoas tiveram tantos transtornos emocionais e tantas doenças psicossomáticas e o que raramente atingia as crianças, hoje não as poupa já há muitas crianças deprimidas e sem encanto pela vida. Pré-adolescentes e adolescentes estão desenvolvendo obsessão, síndrome do pânico, fobias, timidez, agressividade e outros transtornos ansiosos. Milhões de jovens estão se drogando. A solução desses problemas, segundo o mesmo autor, passa pelos pais e pelos professores, ou seja, a educação de casa deve ser complementada por uma boa (ou melhor ótima) educação escolar.
Segundo Cury, Precisamos ser educadores muito acima da média se quisermos formar seres humanos inteligentes e felizes, capazes de sobreviver nessa sociedade estressante
e que pais ricos ou pobres, professores de escolas ricas ou carentes podem igualmente praticar esses hábitos. Um excelente educador não é um ser humano perfeito, mas alguém que tem serenidade para se esvaziar e sensibilidade para aprender.
Parece simples a receita não é? Mas eu acredito que só com muita luta e vontade poderemos mudar esse panorama. Ao contrario de muita gente, eu creio que a maior revolução é essa que ainda está por ser feita. A mudança de rumos de nossa sociedade seria a maior de todas as revoluções. Mas, a batalha é hercúlea. Não precisamos, porém de armas para levar a efeito essa “verdadeira guerra.”
O começo de tudo isso pode se dar pela inversão dessa lógica que valoriza o ter em detrimento do ser. Os pais que não ensinam seus filhos a ter uma visão crítica dos comerciais, dos programas de TV, da discriminação social os tornam presas fáceis de um sistema predatório. Para este sistema seu filho é apenas um consumidor em potencial e não um ser humano. Prepare seu filho para "ser", pois o mundo o preparará para "ter". Esse caminho já seria um bom começo para empreendermos essa grande revolução. O ser humano necessita dessa mudança para evitar uma catástrofe ainda maior que poria em risco toda a nossa espécie. Precisamos pensar em um futuro melhor para os nossos filhos.
Façamos um grande esforço e resgatemos o nosso ser e lutemos contra esse monstro de sistema que nos transforma em meras maquinas de consumir.
Não se trata lutar pelo fim do sistema capitalista, mas de trabalhar por uma sociedade mais consciente, justa e solidaria. Trata-se do resgate na nossa condição humana que, a meu ver, está se perdendo.

Francisco Lima

quinta-feira, 1 de abril de 2010

GLOBALIZAÇÃO ou DITADURA DO CAPITALISMO SELVAGEM...

Globalização ou ditadura do capitalismo selvagem

De que adianta termos tudo se não temos satisfação, o que valem os bens materiais adquiridos, a sanha louca de querer comprar se estamos esquecendo nossa essência, nossa capacidade de amar.
“Se queremos ostentar,” lançamos mão do nosso poderio econômico, mas, para que servem os carros importados, as joias caras e muitas coisas que o dinheiro pode nos proporcionar, se por dentro, muitas vezes somos extremamente frágeis e o afeto e compreensão verdadeiros nosso dinheiro não pode comprar.
O simples ato de comprar não nos trás satisfação, pois somos atraídos pelo desejo, pela sedução do ter e nos esquecemos do que é muito mais relevante, muito mais importante se almejamos uma felicidade mais duradoura, pois devemos investir em nosso ser.
Se não fizermos uma reflexão e buscarmos para a nossa vida novos sentidos, nos sentiremos engolidos por esse turbilhão a que muitos denominam globalização.
É a supremacia do dinheiro e a ditadura do mercado andando lado a lado com a neurose coletiva do consumo desenfreado desse mundo supostamente globalizado.
Falo em suposição quando me refiro à globalização pois enquanto na maior parte globo efetivamente se consome na África e em grandes partes do mundo ainda se morre de fome.
Vamos parar com a hipocrisia de coadunar com o discurso da burguesia que alega que com globalização quase todo o planeta está sendo contaminado pela democracia.
Enquanto houver milhões de crianças de fome perdendo suas vidas e a AIDS for essa epidemia abrindo muitas feridas, não poderemos falar em igualdade, uma das bases da cidadania e da tão propalada democracia.

Francisco Lima

domingo, 21 de março de 2010

OS CASOS DE PEDOFILIA ENVOLVENDO PADRES EM ALAGOAS...

Os Casos de pedofilia envolvendo padres em Alagoas
A edição de 11/03/2010 do conexão repórter apresentado pelo jornalista Roberto Cabrini, agora no SBT, mostra um vídeo de um padre de Arapiraca, interior de Alagoas, fazendo sexo com um rapaz que fora seu coroinha. As evidencias são muitas e não há como negar a veracidade dos fatos mostrados. A meu ver a situação é agravada ainda mais pelas ameaças feitas por um advogado identificado como Daniel Fernandes que aparece na reportagem intimidando e até ameaçando os jovens responsáveis pela gravação, identificados como Flávio e Fabiano.
Os garotos ainda confirmaram que receberam R$ 30 mil reais do advogado em uma negociação intermediada por Monsenhor Raimundo, um dos acusados, para que não divulgassem os vídeos. Durante a apuração, outros jovens foram localizados dizendo que passaram pelo mesmo assédio, chegando à prática do sexo com os padres. Entre eles está um menino, de 11 anos. Ele afirmou que foi assediado por um outro padre da região. Há grandes evidências da culpabilidade dos envolvidos, mas, o histórico de punições a semelhantes casos mostra que, quase sempre, prevalece a impunidade ou, quando muito, são aplicadas penas brandas até que tudo caia no esquecimento e, nesse caso, uma transferência dos acusados resolveria o problema.
No entanto, há informações de que um dos padres já foi afastado da paróquia e será julgado pela justiça civil. E outros dois foram suspensos de suas tarefas eclesiásticas e estão sendo submetidos a um processo canônico por suspeita de pedofilia, ou seja, pelo menos por enquanto, parece que há a intenção séria na apuração desses casos de pedofilia, contrariando ao que acontece na maioria das vezes, mas, é preciso saber o que realmente vai acontecer, pois a imprensa ainda está em cima e não seria bom que a igreja não tomasse nenhuma atitude nesse momento. Esperemos a poeira baixar e vejamos no que vai dar!!
Em muitos casos desse tipo acontece o inverso, pois não são muitos os abusados que tomam o cuidado de se munirem de provas, como no caso de Arapiraca. Muitas dessas vitimas são ainda crianças e demoram a entender o que realmente está acontecendo ou se negam a acreditar que uma pessoa tão venerada por quase toda a comunidade possa cometer semelhantes atos. O que pode ocorrer em muitos casos é que os denunciantes de vitimas, paradoxalmente, passem ser vistos como “culpados” por uma denúncia supostamente vazia. Os acusados são absolvidos por falta de provas materiais e os jovens que se expuseram fazendo a denuncia correm o risco de serem apontados por muitos como responsáveis pela divulgação de “fatos inverídicos.”
O fato é que, por questões práticas (em muitos casos há grandes dificuldades para encontrar um pároco substituto), a igreja quase sempre minimiza tais denuncias. Se necessário for, mobiliza um grande aparato jurídico na defesa dos seus membros mundo afora. Os traumas e problemas das vitimas dos abusos sexuais, para a igreja, muitas vezes, não têm a menor importância. As famílias é que tem de arcar com um ônus muitas vezes pesadíssimo. Essas mesmas famílias ainda podem ser discriminadas pela comunidade religiosa onde se deu o fato, o que muito lamentável.
Como ser humano compreendo que os padres, que são igualmente humanos, estão sujeitos a todas as vicissitudes pelas quais todos nós passamos. Eles não são diferentes e, por isso mesmo, podem cometer erros e ter as fraquezas que todos os simples mortais possuem. A fraqueza é parte da essência humana e não podemos cometer o erro de enquadrar os lideres religiosos, entre eles os padres, em uma categoria especial ou superior aos demais seres da mesma espécie humanoide. Nesse sentido, é uma lástima violentar ou contrariar a natureza humana com regras e imposições arcaicas, elevadas à categoria de dogmas, criadas em tempos remotos motivadas quase que exclusivamente em interesses que visavam a manutenção do poderio da igreja romana, que não poderia perder terras, sinônimo de poder durante a idade media.
Estou me referindo ao celibato clerical que é, nos dias atuais, um contrassenso que só pode ser mantido como imposição de uma instituição que muitas vezes desconhece o sentido da palavra mudança. À parte os casos de homossexualismo, que são muitos na igreja, há outros de clérigos que se envolvem com mulheres, muitas vezes casadas. Os padres têm que ocultar essas relações por estarem cometendo o pecado nefando de agirem como seres humanos. Muitos até se sentem culpados e se autopenitenciam não tanto por estarem levando muitas mães de família ao adultério, mas pelo pecado maior, que seria o ato sexual em si, o prazer sexual, supostamente um grande pecado, já que os votos equivaleriam à pena da eterna castidade.
O fato de muitos casos de pedofilia e supostos desvios sexuais cometidos por padres serem minimizados ou até mesmo ignorados pela igreja tem tudo a ver com essa imposição. Cada vez menos padres se formam, pois não são muitos os seres humanos que querem fazer promessas e votos que irão de encontro à sua natureza humana. É muito difícil a vida de um clérigo que deseja seguir à risca as imposições do celibato. Acredito que seja impossível mesmo viver indiferente ao desejo sexual, ainda que o ato não se consume, dos pensamentos e sonhos, que nem sempre se pode controlar, ninguém estará livre, por mais que se tente fugir. E haja penitencia!!
Eis a minha opinião sincera de pecador convicto, mas que não se furta de observar e pensar sempre num jeito de melhor vivermos como seres humanos. Que me perdoem os católicos ortodoxos, mas esse é meu o jeito de ver esse assunto e acredito que a igreja teria muito a ganhar se parasse para pensar nessa questão. Soluções paliativas servirão apenas para adiar o que pode tornar-se inevitável.
Palavras de um pecador sincero.

Francisco Lima

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

SEGURANÇA x SATISFAÇÃO...

Segurança versus satisfação

Às vezes nos acomodamos a determinadas situações em que, mesmo sabendo que podemos mais, nos prendemos devido a uma ou outra circunstância. A segurança que às vezes sentimos pode nos levar a aceitar anos de insatisfação por causa da incerteza e, muitas vezes, do medo de arriscar. Tornamos-nos, assim, escravos de uma situação que pode nos deixar oprimidos e insatisfeitos e isso, além de frear nossos desejos de alçar voos mais altos, pode chegar ao ponto de nos deixar extremamente frustrados por aquilo que devíamos e poderíamos ter feito e não fizemos.
Não há nada mais frustrante que vermos o tempo passar e atestarmos que , apesar de alguma conquista material, não nos abrimos para a mais importe das conquistas que é a satisfação de poder fazer algo que nos traga algum prazer. Isso dependeria, na maioria das vezes, apenas da nossa vontade de buscar o que julgamos melhor para nós. A segurança trazida por uma situação relativamente estável nos deixa como que engessados e, às vezes, não nos julgamos capazes de abrir mão dessa suposta segurança. Algumas vezes é preciso ousar e acreditar no nosso potencial e para isso é preciso arriscar. Se não arriscarmos, nunca saberemos o que poderia ter sido e continuaremos na mesmice.
Quando no, entanto, a oportunidade aparece, mesmo que a opção pela mudança traga alguma desvantagem material, não podemos perder o ensejo de começar a fazer tudo diferente. Traçar um caminho próprio, que nos leve a buscar uma trajetória que nos seja mais satisfatória e nos abra mais horizontes é salutar. Mesmo por que se as oportunidades surgiram foi devido a nossa busca por algo novo. A insatisfação nos levou a essa busca e não podemos desperdiçar esse momento. É agora ou talvez nunca!!
Por isso, é necessário que tenhamos fé e acreditemos no nosso poder realização. Com vontade poderemos alcançar muito mais do que temos conseguido. Então, bola pra frente e tenhamos sucesso nessa nova empreitada.

Francisco Lima

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

A SOLIDARIEDADE VENCEU O PRECONCEITO....

A solidariedade venceu o preconceito.

Não gosto muito dessas celebridades instantâneas que surgem quase todos os dias na mídia. As futilidades ganharam um espaço muito maior do que deveriam na televisão e nos jornais e muita gente faz qualquer loucura para ter a sua imagem divulgada pelos quatro cantos do país.
Não há limite para isso e em programas de reality shows como big brother não há outra intenção que não seja a de mostrar a intriga na relação entre os seres humanos que estão passando pelo teste de convivência juntos fechados em uma casa. Mas a necessidade de ibope pede outras atrações e a baixaria chega a seu ápice quando são incentivadas as relações amorosas entre os participantes. A TV mostra de forma velada as supostas relações sexuais que rola entre esses casais formados exclusivamente para aumentar a audiência do programa, quando essa está em declínio.
Eu não seria contrario a esse tipo de programação se ele acrescentasse alguma coisa em termos culturais, com atrações mais criativas que fizessem os participantes raciocinar. A dificuldade está exatamente ai, pois a maioria desses participantes tem ojeriza a raciocínios mais elaborados e, nesse sentido, o programa vai na contramão disso, chegando ao ponto de valorizar, de dar mais notoriedade, justamente aqueles que se mostram mais avessos à cultura. O tal do Cleber Ban Ban é apenas um exemplo disso.
Mas, talvez a globo saiba direitinho que está fazendo, pois enquanto mantiver o povo na ignorância, poderá sempre utiliza-lo como massa de manobra. Pelo menos é o que ela pensa!
O fato de citar o big brother foi apenas uma divagação da minha parte para ilustrar a grande cultura das novas celebridades brasileiras. Mas, existem casos em que a aparição na TV não foi algo planejado e ainda assim cria-se mais um mito que ao ser visto na rua é alvo de todas as atenções, tendo que dar autógrafos a todos que o cercam. Tal foi o caso da estudante Geysy Arruda que sofreu com muitas ofensas dos “colegas da universidade UNIBAN” só por que utilizava uma saia supostamente curta. Por pouco ela não foi agredida e a universidade ainda estava apoiando a atitude hostil dos vândalos travestidos de estudantes. Só voltou atrás quando foi obrigada e, por isso, já foi taxada com razão por muitas pessoas de UNITALEBAN em referência ao grupo terrorista radicado no Afeganistão.
O fato foi exaustivamente mostrado na televisão e, por causa disso, a moça (Geysy Arruda) ficou nacionalmente conhecida. Em solidariedade a ela, a grande maioria da população e da imprensa prestou seu apoio. O fato acabou sendo extremante positivo para a moça e ela fez varias cirurgias plásticas estéticas e sem nenhum custo, se preparando assim para ser devidamente aceita no mundo das celebridades. No carnaval de 2010, saiu como destaque escola de samba porto da pedra no desfile das escolas de samba do Rio de Janeiro.
Ela está vivendo um conto de fadas, graças aos vândalos que tentaram agredi-la. Eles estão se mordendo de raiva, pois não esperavam que fossem promovê-la dando-lhe tanta notoriedade. Tinham em mente exatamente o contrario, pois a intenção talvez fosse bani-la para sempre, mas o tiro saiu literamente pela culatra. E agora são obrigados a engoli-la na mídia quase todos os dias. Como devem estar sofrendo!!

Por tudo isso, eu torço para que essa moça se forme e tenha sucesso na carreira profissional que escolher e se puder aparecer de vez em quando para atestar o quanto está bem sucedida será ainda melhor para mostrar aos preconceituosos o quanto eles estiveram errados quando escolheram esse caminho. Isso servira também para causar-lhes um pouco inveja, o que será ainda melhor.

Francisco Lima

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

TRAJETÓRIA DE UM VENCEDOR...

Trajetória de um vencedor.

Ele é um personagem controverso, querido por muitos odiado por alguns, mas que tem alguns atributos que mesmo aqueles que dizem não admira-lo têm que admitir essas qualidades: É uma figura carismática e possui uma liderança que até os seus supostos inimigos hoje admitem.
Como muitos brasileiros é filho de família pobre, aliás, paupérrima e passou fome na infância, enfrentou a aventura do pau de arara do Nordeste para são Paulo e foi com muita batalha que conseguiu galgar um caminho de sucesso até chegar aonde chegou.
Entrou para o movimento sindical no final dos anos sessenta e batalhou muito até conseguir aproximar o sindicato daqueles que são a razão de ser dessa entidade, ou seja, dos trabalhadores. Teve total êxito em sua empreitada e conseguiu 98% dos votos em sua segunda candidatura a presidente da entidade.
É bom lembrar que para os trabalhadores o sindicato, antes da entrada em cena desse personagem, era algo totalmente distante, quase uma abstração. Essa situação só foi mudando quando esse personagem entrou em cena e colocou em pratica os planos que acalentara desde que foi eleito diretor da entidade pela primeira vez no fim dos anos 60. Podemos afirmar com toda a certeza que foi ele o responsável por criar toda a estrutura para tornar o sindicato o que viria a ser posteriormente. As mudanças empreendidas por ele foram, nesse sentido, o divisor de águas para mudanças em outros sindicatos da mesma categoria, tendo até mesmo influência em outras entidades de outras categorias. Desse modo, o cara revolucionou não só o sindicato do qual era presidente, mas também serviu como referência para outras categorias e não foi a toa que ganhou tão grande notoriedade.
Durante toda a sua carreira sindical, leu bastante, se muniu de todo o material teórico que lhe embasasse para discutir com quem quer que seja e em igualdade de condições sobre socialismo, marxismo e outras leituras necessárias a um sindicalista bem informado. Não ficou para trás nesse sentido, mas não achou necessária uma formação acadêmica. Talvez isso não tenha sido tão importante para alguém que se constituía na luta diária da base sindical, alguém que se tornava mais e mais importante a cada dia, sem, no entanto buscar isso para si como vaidade pessoal.
Mas ele foi ganhando notoriedade pelo seus feitos, pelo que se mostrava no dia a dia e não por favores de quem quer que seja. Alcançou fama internacional pelo que tinha conseguido graças aos seus próprios esforços na luta sindical e sua importância, a essa altura, já transcendia o movimento sindical.
A elite brasileira que sempre foi conservadora e preconceituosa começou a incomodar-se com o destaque que estava ganhando esse “Zé ninguém”. Esse filho pobre do nordeste não poderia merecer tamanho destaque dos meios de comunicação. Era insuportável tolerar um cara que fala um português incorreto, que se porta como um “cafona e grosseiro” e tem os seus modos semelhantes aos pobres que não sabem se portar em ambientes requintados. Era necessário que se fizesse alguma coisa para tira-lo de cena.
Ele foi um nome de destaque na fundação do partido dos trabalhadores (PT) e a elite não conseguiu fazer nada para frear a sua ascensão e o cara conseguiu eleger-se deputado federal. Foi longe demais, diria essa mesma elite que não mais suportava vê-lo em seu meio sem que tivesse qualquer mérito de berço que o justificasse. Se ao menos tentasse se adaptar, vá lá! Mas o cara teima em ser pobre no meio dos ricos! Desse jeito, acaba subvertendo a ordem natural das coisas e isso é imperdoável.
O tempo passa e o sujeito, muito sem noção do seu lugar na sociedade, acaba candidatando-se a presidente da republica. Tá bom, candidato qualquer um pode ser!! Com certeza ele será mais um daqueles que só querem aparecer e não dará nem para a saída, pois o povo não será tão ignorante a ponto eleger um “semianalfabeto” a presidente! Opa! Aconteceu o que ninguém esperava, pois o azarão, o cavalo paraguaio foi muito bem votado e foi para o segundo turno e disputará agora com o candidato que é o modelo perfeito. Homem bonito, culto, chique, e que fala vários idiomas. Apesar de ter surgido na política pelos favores de políticos ligados à sua poderosa família, ainda assim, é o homem perfeito. Com formação universitária e currículo impecável é o homem ideal para dirigir a nação. Somente Collor, esse é nome do candidato da elite e de toda a imprensa marrom, tem competência para dirigir um país tão complexo. Se não for elle, não haverá em hipótese alguma de ser o outro.
As pesquisas indicam que o candidato sem méritos, sem berço e que deseja tornar o País uma nação de descamisados, de pobres, está crescendo mais do que o previsto. O outro, o candidato da elite reage prometendo acabar com os descamisados, mas o golpe de misericórdia foi dado pela imprensa marrom. A rede globo editou um debate em que o candidato dos pobres foi muito melhor e os jornais seguiram a farsa global e disseram que o representante da elite fora mais articulado.
Como se tudo isso não bastasse, o representante dos afortunados contratou uma mulher miserável para derrubar de vez todas as chances do pobre que deseja chegar ao poder. A mulher diz que tem um filho abandonado e que o pai seria justamente o pobre que teimava em se meter no mundo dos ricos. Foi o golpe fatal . O povo não ia votar em um cara que tem coragem de abandonar um filho, embora milhões de crianças sejam abandonadas pelos seus genitores pelo País afora. A farsa foi descoberta mais tarde, pois a mulher não recebeu o pagamento pelo “serviço prestado” e botou a boca no trombone.
A luta contra a elite e os preconceitos sofridos não desanimaram o então outrora preferido dos pobres. Agora não apenas os pobres, mas uma grande parcela da classe média já reconheciam o seu valor. Isso, no entanto, não foi suficiente para ele vencer o agora representante dos ricos FHC. O plano real, tido como feito do candidato, foi suficiente para elegê-lo duas vezes derrotando um cara que já não era um intruso que se imiscuiu no universo dos ricos. Era uma ameaça real e a elite se desesperou quando não tinha mais candidato que pudesse lhe fazer frente. FHC não poderia mais ser candidato e os seus pares não possuíam o mínimo carisma. A arrogância do candidato da situação, José Serra, acabou sendo um grande obstáculo que, desse modo, não teria chances contra o agora fortalecido e insistente operário que via finalmente a chance de ser o maior mandatário desse País.
O cara conseguiu vencer as eleições e governou contra os preconceitos da elite, contra a imprensa que tudo fez para tentar envolvê-lo diretamente nos muitos casos de corrupção então divulgados. As alianças que teve que fazer em nome da governabilidade colocou na base aliada do governo políticos corruptos, inescrupulosos e os fatos chegados à imprensa chegaram a abalar a credibilidade do governo, mas, para desespero dos ricos, conservadores e imprensa marrom, sempre esteve longe de abalar a imagem do agora popularíssimo presidente.
Um novo mandato lhe foi concedido e sua vitoria foi esmagadora. Agora a maior parte dos analistas elogiam os feitos do governo. A imprensa continua em busca de fatos negativos que eventualmente estejam associados à figura do presidente. Não conseguindo tais fatos, tenta ridicularizá-lo insistindo no que chama de gafes mostrando os supostos erros e tropeços com as palavras que nada mais são que o jeito simples de quem fala de forma natural sem a preocupação com o que seria erro do ponto de vista gramatical. A imprensa deixa bem claro que o preconceito que nutre pelo presidente jamais terá fim. É até compreensível, pois a nossa imprensa sempre esteve e está a serviço da elite. Dá para entender que se trata de um antagonismo que opõe os intelectuais e ricos preconceituosos de um lado e os pobres e supostamente iletrados do outro.
O prestigio alcançado ao redor do mundo, não pode ser fruto do acaso. A sorte, que alguns lhe atribuem em larga escala para justificar seus feitos, não lhe daria a honra de ser elogiado pelo homem mais importante do mundo, o presidente dos Estados Unidos. E não é qualquer presidente, pois se trata de Barack Obama, a liderança carismática mais importante dos últimos tempos na política norte-americana. Enquanto Obama dizia que Lula era o cara mais conhecido da face da terra, a imprensa brasileira ainda caía de pau no nosso cara apenas por que ele disse a incontestável verdade de serem os loiros de olhos azuis os responsáveis pela crise econômica que assolava o mundo na época. Eis um paradoxo que deixou a nossa imprensa marrom com um sorriso amarelo.
Mas a batalha de Lula contra o preconceito, porém, não se limita a apenas ter que enfrentar a elite e a imprensa. Muitos pobres “iletrados” e alguns supostamente esclarecidos, mas, que talvez sejam mais ignorantes que os primeiros mostram por ele uma resistência às vezes maior que a mostrada pela elite, que não é boba e já viu o valor de Lula, embora jamais admitam isso. Pois bem esses pobres e os esclarecidos ignorantes deixam que o preconceito seja tão grande que nem buscam saber a veracidade dos fatos. Preferem acreditar no acham ser verdade, movidos pelo discurso preconceituoso da imprensa e não se dão conta do quanto estão sendo ignorantes e manipulados pelos poderosos.
Na minha opinião o Brasil se tornou mais justo com a eleição de Lula. Até então, tínhamos uma “democracia para ricos”, onde eles se revezavam no poder e para os pobres, muitas vezes, eram negados até os direitos mais básicos. Reconheço que ainda há muito que fazer nesse sentido, mas a elite já está preocupada e luta com todas as armas possíveis para manter o seu status quo e nós, às vezes, estamos dando a nossa contribuição, sem nos darmos conta, para a manutenção desses privilégios dos bem nascidos.

Francisco Lima

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

VOCÊ SE ACHA HONESTO?

Você se acha honesto?

É sabido que muitas expressões e palavras acabam sofrendo mutações com o correr do tempo. Os seus significados podem mudar bastante e tornarem-se totalmente diferentes do que fora primitivamente, isto é, inteiramente diverso do que indica a sua etimologia ou origem. Um bom exemplo disso são as mutações sofridas pela palavra medíocre na qual é fácil identificar o radical médio, ou seja, uma pessoa medíocre seria alguém dentro de uma determinada media. De acordo com antigos dicionários, medíocre significava "mediano, ordinário, insignificante, vulgar, sem mérito, mas, nos dias atuais, o termo mediano perdeu o sentido e as conotações pejorativas que definiam esse termo é que ganharam espaço.
Há palavras que carregam uma carga simbólica muito grande e são exaustivamente repetidas aos quatro ventos, mas que, paradoxalmente, em vez de consolidar o seu significado acabam se tornando, algumas vezes, conceitos vazios ou longe do seu significado real. Tais palavras ou conceitos já fazem parte da cultura e do imaginário das pessoas e expressam as qualidades que todos se atribuem, sendo motivo de graves desavenças a negação dessas qualidades atribuída a quem quer que seja.
Para melhor compreendermos o que foi dito acima, vamos imaginar uma pesquisa em que as pessoas responderiam alguns questionamentos, entre os quais:
1- Você se acha honesto?
2- Você se acha uma pessoa honrada?
3- Sua vida é pautada por atitudes éticas?
Muitas outras questões poderiam fazer parte dessa lista, mas, por enquanto, essas bastam aos nossos objetivos.
Todos nós sabemos que as palavras honestidade, honra e ética entre outras expressam atributos fundamentais da cidadania e todos julgam possuí-los em alto grau. Assim, é difícil imaginar que uma só pessoa possa responder negativamente a uma das perguntas acima, ainda que não façam uma analise mais detalhada do significado de tais palavras.
O que é significativo porem é que muitas pessoas consideram que algumas atitudes como subornar um policial, comprar produtos de origem sabidamente duvidosa da mão de terceiros, fazer o chamado gato na ligação elétrica etc. são coisas que não irão afetar de maneira alguma a sua dignidade de cidadão honesto. Quando questionados, afirmam que “quase todo mundo faz a mesma coisa,” não sendo, por isso, atitudes reprováveis os comportamentos supracitados.
Entrementes, é muito preocupante essa banalização e a transformação da “pequena corrupção” em atos corriqueiros. Palavras como ética e honestidade não são passiveis de mudanças interpretativas e devem manter o seu sentido original sempre, senão, não farão o menor sentido.
Para sermos realmente honrados, éticos e, principalmente, honestos, temos que evitar que essa “onda de pequenos atos corrupção” nos atinja. Só poderemos responder positivamente às questões propostas acima se não nos deixarmos levar por esses modos de agir que, infelizmente, a cada dia assola mais e mais a sociedade brasileira. É o “chamado jeitinho brasileiro” que encontra soluções rápidas para tudo sem se preocupar com as consequências.

sábado, 23 de janeiro de 2010

VIOLÊNCIA GERA VIOLÊNCIA...

Violência gera violência.

Estava refletindo sobre violência e me veio à cabeça os mais diversos tipos de atitudes violentas praticadas por muitos de nós sem que, na maioria das vezes, sequer nos apercebamos disso. Os meios de comunicação enfatizam muito mais a violência no sentido físico, isto é, onde há agressão física e, em grande parte, com o uso de armas para promover o ato violento. Isso acaba nos levando a uma conclusão errônea de que a violência só se consuma com o concurso de atitudes extremas que causam danos a outrem.
Segundo a definição de muitos dicionarios, violência é um
comportamento que causa dano a outra pessoa, ser vivo ou objeto. Nega-se autonomia, integridade física ou psicológica e mesmo a vida de outro. É o uso excessivo de força, além do necessário ou esperado. O termo deriva do latim violentia.
Apesar disso, a violência fisica representa apenas uma forma de violência , sendo que há muitas variáveis que podem ser tratadas como tais: violência psicologica, politica, cultural, verbal, contra a mulher, infantil, expontânea x institucional etc. Não nos interessa aqui definir toda essa tipografia da violência, mas para quem se interessar pelo assunto essas definições estão disponíveis na wikpédia.
Na nossa convivencia cotidiana com os nossos semelhantes, nossas atitudes e comportamentos estão eivados de preconceitos que acabamos por encararar como algo natural. Um exemplo claro do que estou falando é o modo que nos referimos aos que têm, na nossa concepção, comportamento desviante ou considerado diferente no seu relacionamento amoroso ou afetivo. Tais pessoas preferem os parceiros do mesmo sexo e, por isso, são vistas como seres anormais e são nomeados dos mais diversos modos com expressões pejorativas que têm como finalidade rebaixá-los, desmoralizá-los por estarem indo contra os valores de uma “sociedade que preza a manutenção dos valores cristãos e vive de acordo com moral e os bons costumes.”
Mas, que sociedade é essa que faz do preconceito e da intolerância valores tão prezados esquecendo-se da verdadeira essência do ser humano?
Que bons costumes são esses que valorizam a intriga e a fofoca como algo a ser cultuado e que prega a exclusão de muitas pessoas, chegando ao absurdo de muitos pais expulsarem seus filhos de casa pelo fato de sua opção sexual ser diferente da considerada padrão?
E há preconceitos dos mais diveros tipos, sendo muitos excluídos pela cor da pele, outros pela sua origem e a grande maioria, na minha opinião, pela sua condição social.
Cabe então um questionamento: não será violência excluirmos nossos irmãos apenas por nossas idéias preconcebidas, isto é, pelos nossos preconceitos?
Não resta dúvida de que o preconceito é um tipo de violência que pode acabar por gerar revolta nas pessoas alvo da exclusão, tornando-as agressivas. É uma reação natural contra uma sociedade que a exclui.
Tenho observado que nas escolas esse comportamento preconceituso dos mais diversos matizes é muito comum. Taxar o aluno de incapaz de aprender, de inapto, de burro é algo costumeiro. Nós, professores, temos que ser agentes do não preconceito e muitas das vezes estamos incentivando tais atitudes o que é muito lamentável.
A violência nas escolas tem se tornado algo muito corriqueiro. Os meios de comunicação mostram essa dura realidade quase todos os dias. Essas atitudes violentas são geradas por diversos fatores, entre os quais podemos citar a crescente insatisfação dos jovens em relação à escola pelos mais diversos motivos.
Entretanto, é sabido que muitas brigas entre alunos são causadas por atitudes preconceituosas e se essas mesmas atitudes não forem combatidas por professores, direção e educadores em geral, podemos nos tornar alvo dessas agressões. Temos que começar uma mudança de de mentalidade e de atitudes dentro da escola para que isso possa se refletir na sociedade como um todo.
A escola não pode ser um reflexo do que há de pior na sociedade. Ao contrário, ela precisa ser agente de transformaçõs positivas e isso tem começar no combate a todo e quaisquer tipo de preconceitos sob pena de não estar cumprindo o papel que lhe cabe. Do contrário, se alimentarmos o preconceito estaremos indiretamente a alimentando a violência.

Francisco Lima