quarta-feira, 29 de julho de 2009

ESCALADA DA VIOLÊNCIA NO NORDESTE

Muitos são os problemas sociais no Brasil e isso se reflete muitas das vezes no comportamento da população, sendo que a explosão da violência é uma conseqüência quase que natural da exclusão e do desemprego, que por sua vez geram a favelização e outras mazelas sociais que estamos acostumados a ver em muitos países incluindo o Brasil.

Moro no Rio de Janeiro há quarenta anos, isto é, quase nasci e fui criado nessa cidade ou nos arredores dela,pois cresci em BelFord Roxo um município da região metropolitana do Rio, mas que fica muito próximo, sendo que nesse caso toda a referência que sempre tivemos em termos de serviços de saúde, emprego etc. estava no Rio, cidade já famosa no mundo inteiro, não somente por suas belezas naturais, mas principalmente pela explosão de violência que volta e meia toma conta dos noticiários mundo a fora, tornando essa cidade um lugar muitas temido por essa razão. A cidade onde fui criado não ficou muito atrás nesse quesito, pois também já foi considerada uma das cidades mais violentas do mundo.

Tudo o que foi dito anteriormente é mais do que obvio para todo mundo, mas mesmo vivendo a vida inteira nesse canário, tive a sorte de nunca ter sido assaltado. Isso mesmo, não estou delirando, eu nunca fui assaltado nessas cidades pelas quais transitei intensamente (incluindo Duque de Caxias, Nova Iguaçu, são João de Meriti etc.). Já entrei em becos, passei por guetos e favelas das mais diversas e sempre trabalhei nas proximidades da central do Brasil, um lugar com alto índice de criminalidade e onde se pode ver todo tipo de coisa. Coisas não agradáveis à visão do desavisado transeunte, é claro.

Depois de anos tentando encaixar um tempo para conhecer o Nordeste, já que a região sudeste eu já explorei razoavelmente bem, conhecendo os seus quatro estados, esta semana finalmente estou tendo essa oportunidade, já que esta semana estou de passagem por Salvador. Gostei muito da cidade de Soterópolis (Cidade do Salvador em grego, sendo que por essa razão, todo mundo que nasce em Salvador é chamado de soteropolitano).É realmente uma cidade bonita e eu adorei o lugar onde estou hospedado na Barra de Salvador. Mas, o que me chamou muito a atenção desde que aqui cheguei são os muitos comentários na rua sobre assaltos, sendo essa modalidade de crime a mais comum por aqui, ao que parece. Mas eu não sou ingênuo e, ao chegar ao aeroporto, Já estava mais ou menos ciente de que tinha que tomar um pouco de cuidado, não expondo dinheiro e pertences, cuidados que eu sempre tomo também do Rio de Janeiro.

No trajeto do aeroporto para o hotel na barra de salvador eu optei por um ônibus, visto que as vans os e taxis queriam me cobrar cem reais. Embarquei em um microônibus (tarifa especial e com ar condicionado) e tudo estava perfeitamente bem até passarmos por Itapoã, lugar muito conhecido por causa da musica Passar uma tarde em....passamos pelo famoso lugar e eu estava conversando com uma moça que havia conhecido no coletivo e falava justamente das populações marginalizadas do Rio, entre as quais se incluía os nordestinos e comentava que muitos chefões do trafico são descendentes desses migrantes do nordeste. Pois bem, eu nem cheguei a completar o que falava quando entraram no ônibus dois adolescentes, ao que tudo indicava, anunciando um assalto. Notava-se que se apresentavam bastante nervosos, parecendo com mais medo do que os passageiros vitimas do assalto. A arma que apresentaram quase ninguém a viu, sendo que a puxaram quando estavam ao meu lado. Olhando bem o que parecia ser uma pistola, tive a quase convicção de que era uma arma de brinquedo. Quando eles me abordaram, não fizeram muita questão de levar todos os meus pertences, só levando o relógio e o celular que não seria levado se minha filha não o tivesse tirado da bolsa. Os meninos assaltantes saíram correndo deixando para trás bolsas e mochilas que haviam subtraído de alguns passageiros, mostrando o nervosismo a que me referi e me deixando com a quase certeza de que o assalto fora praticado com uma arma de brinquedo.

Em suma, a capital do estado da Bahia não é única do nordeste infestada pela violência. Muito se sabe sobre os altos índices de Recife e Fortaleza, por exemplo, mas eu tive um exemplo pratico de como a situação anda caótica por Salvador. São necessários investimentos urgentes em segurança e, principalmente em educação, pois somente com vontade política e seriedade se poderá reverter um quadro tão caótico. Não acredito que tal situação tenha começado agora, mas que é a herança de muitos anos de descaso. Tal situação acaba gerando prejuízos, pois muitos turistas que passam por semelhante situação acabam optando por outro destino. Não há como postergar mais, é preciso providências urgentes.

Francisco Lima

domingo, 26 de julho de 2009

NOSSO PORTO SEGURO PODE SER UMA ILUSÃO..

Quase todos nós julgamos ter o nosso "porto seguro", isto é, uma condição ou a companhia de alguém que, achamos, nos dá certa segurança, estabilidade etc. Ainda que, as vezes, as bases, dessa suposta segurança sejam frágeis demais para ser consideradas como tais. Mesmo assim nos agarramos nessas supostas conquistas querendo preservar o que já conquistamos.

Entretanto, se queremos conquista reais e duradouras, temos que estar abertos às mudanças, pois as vezes a vida nos coloca diante de grandes desafios que podem significar um desequilibrio temporário, que poderá nos levar todavia à condições gerais muito mais satisfatórias se tivermos realmente dispostos a encarar os reveses que todo esse processo suscita.

Para que tais mudanças realmente possam ocorrer, no entanto, temos que perseguí-las o tempo todo, preparando-nos e buscando quando possível ter uma visão do que poderá vir a ser o cenário de um futuro próximo, pois isso nos dará certa vantagem, já que poderemos estar munidos dos conhecimentos e das ferramentas adequedas.

Tudo isso nos mostra que , para alguém que busque realmente o sucesso, dificilmente haverá a prevalência de fatores como a sorte, que será proporcional à nossa vontade de buscar o objetivo pretendido, ou seja, as mudanças serão fruto da nossa vontade de perseguí-las com a tenacidade e renúncia necessários.

Enfim, o nosso porto seguro quando nos achamos em situações que julgamos por vezes sólidas e até mesmo imutáveis, é muitas vezes fruto da nossa acomodação, do nosso medo da mudança. O período histórico pelo qual estamos passando já não comporta tal procedimento, pois, quer queiramos ou não, as mudanças virão e nos levarão de roldão quando não estivermos preparados para elas. É a chamada pós-modernidade que nos impõe a quebra constante dos nossos paradígmas.

domingo, 19 de julho de 2009

TODOS UNIDOS POR UMA EDUCAÇÃO DE QUALIDADE...

Todos unidos por uma Educação de qualidade.

O ministério da educação através do CNE (Conselho Nacional de Educação) aprovou no ultimo dia 30/06 uma medida que tem a intenção de apoiar currículos inovadores para o ensino médio. Pelo projeto, será possível lecionar os conteúdos de maneira interdisciplinar, sem que sejam divididos nas tradicionais disciplinas como história, matemática ou química. O aluno também terá condições de escolher parte de sua grade de estudos. A intenção é que a atual estrutura curricular - organizada em disciplinas - seja substituída pela organização dos conteúdos em quatro eixos: trabalho, ciência, tecnologia e cultura, para que os conteúdos ensinados ganhem maior relação com o cotidiano e façam mais sentido para os alunos. Outra mudança a ser estimulada é a flexibilidade do currículo: 20% da grade curricular deve ser escolhida pelo estudante.

Eu, como professor, apóio qualquer tipo de mudança que tenha como intenção alterar o quadro atual, que chegou a um ponto tão caótico que não é incomum verem-se alunos do 3º ano do ensino médio na educação publica estadual do Rio de Janeiro e, creio eu, talvez em outros sistemas, que não saibam ler e interpretar um texto curto de alguns parágrafos. Um problema que parece impossível de acontecer, pois se poderia questionar como um aluno desses, que não aprendeu o que é básico que é a leitura e a interpretação de texto, condição sine qua non para aprender qualquer disciplina e, por conseguinte, avançar para etapas posteriores de aprendizagem, poderia ter “progredido” até chegar ao fim da educação básica?

Uma das possibilidades de explicação da incongruência apontada acima é o fato de que o foco principal durante muitos anos tem estado na quantidade de “alunos formados” e não na qualidade do ensino. O que valem são os números, as estatísticas, sendo que os reais problemas da educação têm sido ignorados por sucessivos governos, que sempre deixam para os seus sucessores a tarefa de encarar um problema tão sério.

A situação torna-se ainda mais grave se formos considerar as mudanças em curso e a necessidade de adaptação a um mundo cada vez mais complexo, que exige de todos uma mudança constante de paradigmas. Adaptando-se a esse contexto, a UNESCO propõe que a alfabetização não seja mais apenas o domínio básico da leitura, da escrita e das operações matemáticas básicas. Hoje em dia, para que uma pessoa esteja realmente alfabetizada, segundo o conceito dessa instituição, é necessário que tenha as habilidades de identificar, entender, interpretar, criar, calcular e se comunicar mediante o uso de materiais escritos vinculados a diferentes contextos.

Considerando essas novas perspectivas e diante do que foi exposto acima é fácil chegarmos à triste conclusão de que muitos alunos formandos do ensino médio da educação pública do Estado do RJ ainda não conseguem se adequar aos novos parâmetros da UNESCO para uma pessoa alfabetizada, ou seja, estão concluindo a educação básica sem que sejam adequadamente alfabetizados de acordo com esse novo paradigma.

O trabalho será árduo para a reversão de um quadro tão desfavorável, mas as mudanças propostas podem representar o começo de um processo que poderá reverter este quadro. É preciso, porém que todos os envolvidos nesse contexto tenham a consciência de que a sua participação deve ser ativa e a entrega deve ser total. Mas, se não houver um empenho das esferas superiores, da secretaria de educação, das coordenadorias regionais, dos diretores etc., dificilmente essas mudanças surtirão o efeito desejado. É necessário que haja um verdadeiro desejo de mudança de todas as partes envolvidas.
Francisco Lima

terça-feira, 14 de julho de 2009

QUERER É PODER....



É incrível o que podemos realizar quando estamos verdadeiramente determinados a alcançar algum objetivo ou mesmo superar alguma barreira ou limitação. Não há obstáculos capazes de vencer uma vontade persistente que já está consciente de que as muitas dificuldades encontradas ao longo do caminho são testes para mensurar até que ponto estamos determinados.

Vemos pessoas que saem de situações completamente adversas, como pobreza extrema, famílias desestruturadas, enfim, dificuldades das mais diversas e ainda assim tornam-se vencedoras e são exemplos a ser seguidos.Outros são testados de uma outra maneira quando algum acidente os priva de algum membro do corpo e a vida os coloca entre duas possibilidades: uma que o deixaria parcial ou totalmente invalido de forma indelével, isto é, para sempre e outra que o coloca diante de uma situação de ter que reaprender tudo, adequando-se a uma nova realidade, tendo que ser tão forte e determinado quanto maior for a sua limitação. Nessas situações é que vemos que o impossível não existe para quem tem força de vontade.

Todos nós conhecemos casos de superação de limitações, que são até certo ponto comuns encontrarmos na nossa vivencia cotidiana. Há pessoas com certo grau de deficiência mental que estudam e conseguem até cursar uma universidade, superando todos os prognósticos de especialistas. Outras há que perdem um braço ou uma perna e nem por isso deixam de trabalhar, apenas adaptando-se a essa nova realidade, fazendo-o de acordo com a sua limitação. Mas, há outras que dão demonstrações de superação que nos deixa envergonhados, tal a nossa pequenês e acomodação diante da vida. Um caso desse tipo é um de uma mulher que cuida do filho recém nascido trocando fraldas, que faz todo o serviço de casa como qualquer pessoa “normal”. A única diferença é que ela não possui os dois braços e faz tudo com os pés. Isso mesmo, ela aprendeu a usar os pés como se fossem mãos e há um vídeo circulando na internet que mostra as façanhas realizadas por essa pessoa fantástica.
Ví também um outro caso de uma brasileira que reside no interir de São Paulo, que nasceu sem os os dois braços e faz tudo que uma pessoa dita normal é capaz de fazer: dirige, escova os dentes, escreve muito bem e está fazendo faculdade em uma turma de pessoas sem qualquer tipo de deficiência, pois ela não se considera menos capaz que ninguém. São pessoas que não acomodaram e não vêem na deficiência um fator de acomodação ou de autopiedade.

Tudo nos é permitido com o concurso da vontade, mas a falta dela também pode nos levar a caminhos inversos, ou seja, a uma situação de dependência de outras pessoas. Há muitas pessoas ditas normais que chegam a um desestimulo tão grande que caem até na mendicidade e não há quem consiga tirá-los de tal estado de prostração, pois eles já não ouvem conselhos, pois todos nós só ouvimos o que queremos.

Muitas das vezes, esse estado de coisas começa sem que percebamos, quando, sem que notemos, começamos a cultivar a chamada “preguiça”. Isso, geralmente ocorre com adolescentes que ficam desanimados para estudar, nada fazem em casa e quando não há ninguém para cobrar a situação tende a piorar e chegar até no abandono da escola. É necessário que os pais observem o comportamento dos seus filhos e busquem ajuda de médicos ou psicólogos quando necessário.

Fico muito triste quando vejo jovens que já completaram a maioridade, muitos já com vinte e poucos anos que não tem nenhuma perspectiva em relação à vida, não trabalham, não estudam (muitos pararam antes de concluir a educação básica) e ficam dependendo dos pais ou de outras pessoas até para se alimentarem. E isso é muito comum de encontrar por aí. Muitos desses jovens não são desempregados, pois grande parte não estão procurando por emprego, estão desanimados e precisam despertar para a vida, isso quando a vida não os leva para os caminhos considerados, ilusoriamente, mais fáceis, mas que poderão levar a conseqüências trágicas.

Finalmente, deixo uma mensagem de otimismo para todos os que precisam de uma “injeção de animo”:
“Se você confiou em Deus e andou pelo caminho dele, se você o sentiu a guiar você todos os dias, mas agora seus passos o levam por outro caminho...Comece de novo.Se você fez planos que não deram certo, se você tentou dar o melhor de si e não há mais o que tentar, se você falhou consigo mesmo sem saber por que....Comece de novo.Se você contou aos seus amigos o que planejava fazer, se você confiou neles e eles não o apoiaram, se agora você está sozinho, só podendo contar consigo mesmo....Comece de novo.Se você falhou com seus familiares, se agora você já não é tão importante para eles, se eles perderam a confiança em você, se você se sente um estranho em seu próprio lar...Comece de novo.Se você orou a Deus, respeitando sempre a vontade dele, se você orou e orou e ainda se sente infeliz, se você quer parar, sentindo que atingiu seu limite...Comece de novo.Se você está certo de que está acabado e quer desistir, se você chegou ao fundo do poço,se você tentou e tentou e não conseguiu subir...Comece de novo.Se os anos passam tão depressa e os sucessos são poucos, se chega dezembro e você se sente triste, Deus dá um novo janeiro a você...Comece de novo.Começar de novo significa:"Vitórias alcançadas"começar de novo significa:"uma corrida bem feita,"começar de novo significa:"Deus sempre vencerá!"Não fique aí sentado no trono da derrota:COMECE DE NOVO!”


Francisco Lima

sábado, 11 de julho de 2009

MULHER E SEXUALIDADE NA HISTÓRIA...

Mulher e sexualidade na Historia

Durante toda a História da humanidade a mulher sempre foi objeto da curiosidade dos estudiosos e decifrar o seu comportamento e chegar a uma conclusão aceita universalmente não era algo fácil. O mistério em torno desse ser tão complexo intrigava os estudiosos do período pré-renascentista, pois ate essa fase histórica pouco se sabia sobre o corpo humano e muito menos ainda sobre o corpo da mulher. Apenas por volta do século dezessete, aproximadamente, com a revolução cientifica e a influencia fundamental do pensamento de Descartes passou-se a dissecar os cadáveres e estudá-lo por dentro, isto é, só a partir desse momento a anatomia do corpo humano foi desvendada aos estudantes de medicina e isso representou uma revolução para diversas áreas da ciência.

Quando entramos no campo da sexualidade humana, não é diferente o que acontecia pois, estudar a sexualidade em um período dominado pelo pensamento da igreja católica era algo muito complicado, sendo mais difícil ainda quando se tentava estudar a mulher nesse particular.
Ligia Bellini em seu livro a coisa obscura: mulher, sodomia e inquisição no Brasil colonial, mostra alguns casos de processos contra mulheres acusadas de sodomia durante o período da primeira visita da inquisição no Brasil colonial por volta de 1591 até 1595 e relata que a tradição da igreja considerava a sodomia um “pecado mudo”, ou seja, detestável demais para ser mencionado, tanto nas leis da igreja, quanto nas leis seculares. As pessoas acusadas desse crime teriam cometido semelhante pecado incitadas pelo próprio demônio. A partir do período renascentista o foco começa a mudar e o pecado é atribuído ao próprio pecador e não mais ao demônio. A pessoa que comete o crime nefando é que tem a propensão para o vicio.


Diante das denúncias feitas por testemunhas aos inquisidores, uma questão os intrigava e continuaria sem resposta durante todo período da visita inquisitorial à colônia portuguesa: como atribuir às mulheres o crime de sodomia?
Não tendo condições de provar ainda que as mulheres eram realmente culpadas, os inquisidores muitas das vezes faziam vistas grosas pra tais casos e não podiam, dessa forma, prescrever uma punição adequada. Só bem mais tarde (cerca de um século depois) a pergunta acima teria uma resposta que hoje nos parece um tanto inusitada, mas essa era a concepção que se tinha na época sobre esse assunto. A explicação encontra-se no livro de Ligia Bellini, sendo uma citação da visão Luigi-Maria Sinistrari sobre o assunto:
“No corpo feminino se encontra uma parte que os anatomistas chamam “clitóris”. Esta parte é composta dos mesmos elementos que o pênis do homem, isto é, de raízes, artérias, carne, etc. (...) Se encontra em todas as mulheres, mas nem todas o possuem descobertos ou o fazem para sair para fora do vaso do pudor: se percebe somente uma pequena protuberância nesse lugar do corpo da mulher onde se esconde o clitóris; e esta proeminência pode sair mais para fora das partes vizinhas se, por efeito de excitação venérea, o membro em questão estiver inchado interiormente”.

Com isso, somente se uma mulher possuísse um clitóris nessas condições poderia deflorar outra e chegar até a cometer a sodomia. Então, mesmo não sendo em vaso impróprio, a sodomia poderia dar-se entre duas mulheres se ela utilizasse o clitóris, possuindo um membro de acordo com as condições descritas anteriormente, para penetrar a outra, já que esse tipo de coito não seguia geração. Segundo esses critérios, a mulher poderia cometer a sodomia com outro sexo, no vaso anterior ou posterior de uma mulher e também no vaso posterior de um homem. As mulheres com o clitóris mais desenvolvido estavam mais aptas às tentações carnais e aquele passava a ser a prova do crime.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

O FUTEBOL NO IMAGINÁRIO DO POVO BRASILEIRO

O futebol no imaginário do povo brasileiro

É incrível a influencia que o futebol exerce no imaginário do povo brasileiro. Nenhum povo cultua tanto este esporte considerado entre nós uma manifestação cultural tão importante quanto o carnaval a religião, a música etc., podendo, no entanto, mobilizar muito mais pessoas que todas essas manifestações, pois abrange todas as classes sociais sem qualquer distinção. É um dos poucos assuntos que mobiliza o povo brasileiro e talvez o único que coloca em pé de igualdade todos os seus simpatizantes, pois qualquer pessoa, independentemente de instrução, condição social, raça, religião etc., desde que aprecie o esporte, se acha em condições de discuti-lo.

Segundo o antropólogo Roberto da Matta o futebol é um espaço onde a sociedade brasileira simbolicamente se expressa e manifesta-se, deixando-se descobrir. Para o este autor, o futebol praticado, vivido, discutido e teorizado no Brasil seria um modo especifico pelo qual a sociedade brasileira fala, apresenta-se, revela-se e se deixa descobrir desse modo.

Mas o futebol também já foi utilizado pelas classes dominantes com o intuito de afirmação da sua ideologia, isto é, os governantes aproveitaram a paixão que o brasileiro tem pelo futebol para “manipular as massas” em determinados contextos históricos favoráveis. A primeira copa do mundo transmitida pelo radio foi a de 1938 e no Brasil vivia-se então a ditadura do estado novo e o presidente Getulio Vagas aproveitou-se desse fato e fez da sua filha, Alzira Vargas, a madrinha do selecionado brasileiro e o embaixador brasileiro na França (local da copa de 1938) se auto proclamava o torcedor numero um do Brasil. Toda a nação brasileira é convocada para a batalha na França e o governo brasileiro pretende, dessa forma, reforçar a idéia de uma identidade nacional fomentada pela união em torno do futebol. É importante ressaltar que o futebol já era uma paixão nacional desde os anos 20, quando brasileiros já lotavam os estádios de futebol.

Quando o assunto é manipulação através das conquistas do futebol, no entanto, o caso mais clássico que lembramos é o da copa do Mundo no México em 1970. Nesse período vivíamos o momento mais duro da ditadura militar com muitas prisões, torturas e uma perseguição sem trégua do governo aos chamados subversivos ou todos aqueles que discordassem de um regime que não permitia à sua população qualquer tipo de liberdade, ou seja, vivia-se, uma ditadura escancarada. Toda e qualquer manifestação cultural que questionasse ou criticasse a situação vivida pelo Brasil era logo censurada e seus autores corriam o risco de ser presos e torturados. Por essa razão, muitos intelectuais brasileiros preferiram o auto-exílio. Mas, vamos ao futebol. Esse esporte era ainda mais importante nessa época, pois o Brasil já era bi campeão mundial e considerado uma grande potencia nesse esporte. Nesse contexto, o então presidente Emilio Garrastazu Médici foi promovido a torcedor numero um do Brasil e como tal passou a ser um freqüentador assíduo das tribunas de honra dos estádios de futebol e o presidente não só dava opiniões sobre futebol, mas ia além, procurando impô-las e fazendo pressões constantes sobre a escalação da seleção nacional.

A copa disputada no México foi transmitida diretamente para o Brasil como a primeira transmissão em cores em caráter experimental. O numero de televisores ligados assistindo à copa, segundo algumas estimativas, chegava a 600 milhões de aparelhos em todo o mundo. O Brasil foi campeão e tal fato contribuiu decisivamente para a manutenção dos militares no poder. A euforia do povo era gigantesca e esse fato mascarava os problemas vividos no cenário interno brasileiro. O governo militar então se aproveita da euforia geral para se legitimar como se fosse ele, governo, o verdadeiro campeão no México e, ao mesmo tempo, usa a televisão para propagandear o chamado “milagre brasileiro” que proporcionou altas taxas de crescimento econômico e legou para a posteridade um divida externa estratosférica.

Em suma, o futebol é um fator de alegria para o povo brasileiro que o leva, principalmente as camadas menos favorecidas da população, a ter um momento de alegria, de extravasamento dos problemas cotidianos. Uma população que muitas das vezes só encontra alegria nos mementos de vitoria do seu time do coração, que passa por necessidades das mais diversas no dia a dia, precisa de alguma coisa para liberar as suas emoções. Mas, há também o outro lado, o que leva o povo a alienação, sendo o futebol uma espécie de “ópio” que deixa esse mesmo povo esquecido dos demais problemas do País, dos problemas políticos, econômicos, educacionais e muitos outros que podem e devem ser levados em conta, pois senão, nunca sairemos da condição País subdesenvolvido, seremos sempre o País do futuro. Futuro que nunca chegará se não tivermos um povo mais atuante.

Francisco Lima

sábado, 4 de julho de 2009

PODEMOS VIVER SEM PRECONCEITOS OU PELO MENOS TENTAR NÃO CULTIVÁ-LOS..

Podemos viver sem preconceitos ou pelo menos tentar não cultivá-los

Vivemos em uma sociedade na qual o preconceito já virou uma espécie de câncer que a contamina em todos os setores. Há preconceitos de raça, contra idosos, contra os deficientes físicos, contra os nordestinos, contra os homossexuais entre muitos outros tipos. Não há limites para tais praticas que ganham diversas configurações e esconde alguns paradoxos, havendo discriminação até mesmo de alguns grupos contra outros, ambos alvos de preconceitos. Um exemplo disso e que eu observo há bastante tempo é o preconceito que muitos nordestinos nutrem contra os negros. Vou ficar apenas nesse exemplo para não alongar por demais esse parágrafo.

Gostaria de me ater, especificamente, no preconceito contra os homosexuiais, lésbicas e todos aqueles que escapam da heteronormatividade, conceito que resume um conjunto de atitudes preconceituosas e compulsórias, na qual a homossexualidade é tratada como um desvio do que seria a sexualidade natural do ser humano em geral. Não faço parte de nenhum grupo de defesa dos gays e sou heterossexual, mas vejo a questão de uma forma diversa do que parece ter se tornado senso comum. Não considero que uma pessoa que goste de outra do mesmo sexo seja “anormal” por isso, pois um assunto dessa natureza só diz respeito à própria pessoa, não cabendo a ninguém interferir em uma “escolha” totalmente pessoal, individual e que, por essa razão, não afeta ou não pode afetar ninguém senão ela mesma.

No parágrafo anterior eu coloquei a palavra escolha entre aspas de propósito, pois sei que, em se tratando de sexualidade, não há essa escolha consciente, principalmente se considerarmos que geralmente o desejo ou atração sexual começa a surgir na adolescência. Segundo especialistas no assunto, ninguém escolhe sentir atração física por um ou por outro sexo, ou seja, não há uma ação premeditada que possa se configurar em uma escolha racional, pensada por parte do adolescente. Tudo ocorre naturalmente, espontaneamente sem que haja a intencionalidade nesse processo. Resumindo, ninguém escolhe ser gay ou não.

Quando esta manifestação de afeto por outro colega do mesmo sexo ocorrer dentro da escola, cabe aos professores não censurar e fazer de tudo para evitar a discriminação desse aluno por outros colegas. O professor deve aceitar a autodefinicão do aluno sem questioná-lo e protegê-lo contra tratamentos hostis. Mas, infelizmente não é assim que acontece, pois os professores, muitas das vezes, são os primeiros a discriminar o aluno e apontá-lo como o diferente da turma. Uma atitude dessas na escola e partindo de um educador é algo inaceitável, porém muito comum. Nós, educadores, precisamos nos colocar no lugar dos pais desses alunos, pois alem de professores somos pais e mães de família e ver como nos sentiríamos se o nosso filho ou filha fosse alvo de preconceito na escola, justamente em um lugar onde se deve ensinar que nenhum tipo de discriminação é saudável.

Agora vamos imaginar que tenhamos um filho ou uma filha que “tenha uma opção sexual diferente”, isto é, que ele ou ela seja gay, diferentemente do que a gente imaginava como normal na sexualidade humana. Imaginemos ainda que tenhamos feito de tudo para dissuadi-lo ou dissuadi-la desse propósito sem sucesso. Será que vamos fazer o que muitos falsos moralistas fazem por aí, abandonando nosso filho ou filha à própria sorte no momento em que ele ou ela mais precisa do nosso apoio? Será o nosso preconceito maior que o amor que possamos sentir por um ser que geramos e dedicamos todo o nosso carinho? Acredito sinceramente que os pais que agem de forma precipitada e expulsam um filho de casa por esse motivo estão mais preocupados com o que as pessoas pensam ou falam e não tem amor suficiente para compreender e apoiar o filho nesse momento difícil. Se houver amor suficiente nada é mais importante e mesmo contra o nosso preconceito, ficaremos ao lado do nosso filho ou filha.

Francisco Lima