Todos unidos por uma Educação de qualidade.
O ministério da educação através do CNE (Conselho Nacional de Educação) aprovou no ultimo dia 30/06 uma medida que tem a intenção de apoiar currículos inovadores para o ensino médio. Pelo projeto, será possível lecionar os conteúdos de maneira interdisciplinar, sem que sejam divididos nas tradicionais disciplinas como história, matemática ou química. O aluno também terá condições de escolher parte de sua grade de estudos. A intenção é que a atual estrutura curricular - organizada em disciplinas - seja substituída pela organização dos conteúdos em quatro eixos: trabalho, ciência, tecnologia e cultura, para que os conteúdos ensinados ganhem maior relação com o cotidiano e façam mais sentido para os alunos. Outra mudança a ser estimulada é a flexibilidade do currículo: 20% da grade curricular deve ser escolhida pelo estudante.
Eu, como professor, apóio qualquer tipo de mudança que tenha como intenção alterar o quadro atual, que chegou a um ponto tão caótico que não é incomum verem-se alunos do 3º ano do ensino médio na educação publica estadual do Rio de Janeiro e, creio eu, talvez em outros sistemas, que não saibam ler e interpretar um texto curto de alguns parágrafos. Um problema que parece impossível de acontecer, pois se poderia questionar como um aluno desses, que não aprendeu o que é básico que é a leitura e a interpretação de texto, condição sine qua non para aprender qualquer disciplina e, por conseguinte, avançar para etapas posteriores de aprendizagem, poderia ter “progredido” até chegar ao fim da educação básica?
Uma das possibilidades de explicação da incongruência apontada acima é o fato de que o foco principal durante muitos anos tem estado na quantidade de “alunos formados” e não na qualidade do ensino. O que valem são os números, as estatísticas, sendo que os reais problemas da educação têm sido ignorados por sucessivos governos, que sempre deixam para os seus sucessores a tarefa de encarar um problema tão sério.
A situação torna-se ainda mais grave se formos considerar as mudanças em curso e a necessidade de adaptação a um mundo cada vez mais complexo, que exige de todos uma mudança constante de paradigmas. Adaptando-se a esse contexto, a UNESCO propõe que a alfabetização não seja mais apenas o domínio básico da leitura, da escrita e das operações matemáticas básicas. Hoje em dia, para que uma pessoa esteja realmente alfabetizada, segundo o conceito dessa instituição, é necessário que tenha as habilidades de identificar, entender, interpretar, criar, calcular e se comunicar mediante o uso de materiais escritos vinculados a diferentes contextos.
Considerando essas novas perspectivas e diante do que foi exposto acima é fácil chegarmos à triste conclusão de que muitos alunos formandos do ensino médio da educação pública do Estado do RJ ainda não conseguem se adequar aos novos parâmetros da UNESCO para uma pessoa alfabetizada, ou seja, estão concluindo a educação básica sem que sejam adequadamente alfabetizados de acordo com esse novo paradigma.
O trabalho será árduo para a reversão de um quadro tão desfavorável, mas as mudanças propostas podem representar o começo de um processo que poderá reverter este quadro. É preciso, porém que todos os envolvidos nesse contexto tenham a consciência de que a sua participação deve ser ativa e a entrega deve ser total. Mas, se não houver um empenho das esferas superiores, da secretaria de educação, das coordenadorias regionais, dos diretores etc., dificilmente essas mudanças surtirão o efeito desejado. É necessário que haja um verdadeiro desejo de mudança de todas as partes envolvidas.
Francisco Lima
Um comentário:
Será necessário que as autoridades saiam do discurso vazio para a prática e isso começa com a valorização dos professores.
Postar um comentário