Projeto autonomia
Como educador vejo com bons olhos todas as tentativas de mudança quando os agentes desta mudança estão de fato imbuídos de boas intenções. Não deixo por outro lado de observar o que pode haver por de trás das intenções desses mesmos agentes, analisando-as de forma critica e não emitindo um parecer sem antes analisar até que ponto tais mudanças poderão ser positivas. Não podemos esquecer que estamos diante de decisões tomadas por políticos, sendo sempre relevante, em tais casos, a aplicação de um famoso ditado popular que diz que de boas intenções o inferno anda cheio.
Como educador vejo com bons olhos todas as tentativas de mudança quando os agentes desta mudança estão de fato imbuídos de boas intenções. Não deixo por outro lado de observar o que pode haver por de trás das intenções desses mesmos agentes, analisando-as de forma critica e não emitindo um parecer sem antes analisar até que ponto tais mudanças poderão ser positivas. Não podemos esquecer que estamos diante de decisões tomadas por políticos, sendo sempre relevante, em tais casos, a aplicação de um famoso ditado popular que diz que de boas intenções o inferno anda cheio.
O projeto autonomia é uma dessas tentativas de mudança que tem a suposta intenção de mudar o quadro de defasagem idade-série da rede estadual do Rio de Janeiro e proporcionar aos estudantes que vivem essa dificuldade uma nova qualidade de vida, possibilitando novos conhecimentos e perspectivas no mercado de trabalho. Fiz uma pesquisa mas não consegui achar muita coisa detalhando o significado do projeto em linhas gerais. O que sei é que se trata de um convenio assinado entre o governo do Estado do Rio de Janeiro e a fundação Roberto Marinho, sendo que aquele teve que pagar uma quantia significativa à referida fundação. Sei também que no projeto autonomia, os alunos são acompanhados por um professor supostamente “capacitado para dar aulas de todas as disciplinas” , o que, à primeira vista, parece impossível e que, em tese, os alunos teriam 160 horas de aulas presenciais, além do auxílio de outras mídias, como vídeos e livros.
Nesse projeto, os cursos de ensino fundamental têm duração de um ano e os de ensino médio de um ano e meio. Podemos antever que haverá, dessa maneira, muito mais “alunos formados” nos próximos anos por meio do projeto do que haveria se seguissem o curso regular que seria de três anos no ensino médio e de, no mínimo, dois anos no ensino fundamental. Pelo menos as estatísticas seriam amplamente favoráveis, pois o que vale para muitos organismos internacionais são os números. Mas a qualidade do ensino... deixemos isso para o final.
Não vou me alongar muito mais para não ser deveras cansativo, podendo dizer apenas que diante do exposto até aqui, mesmo considerando a minha parcial ignorância, sendo por isso mesmo muitas as minhas duvidas posso fazer às autoridades responsáveis pela Educação estadual os seguintes questionamentos ou, se preferirem, colocar as seguintes duvidas, não apenas minha mas de muitos colegas que ainda não compreenderam em toda a sua extensão a implantação do projeto em questão que tem tudo haver com o nosso cotidiano e que, ao que parece, pode ter vindo para ficar ou para durar muito tempo:
1- Será que um professor de Historia, como eu, terá condições de tirar duvidas de Física, Matemática ou Química que são ciências ou áreas de conhecimento totalmente distintas da habilitação para a qual prestei concurso?
2- E os professores de Matemática, Física ou Química, eles, por seu turno, poderão tirar duvidas de Historia, Geografia ou Português?
3- A capacitação de alguns dias habilitará o docente ou dará a este a competência que é necessária para trabalhar com todas as disciplinas?
4- Dada a dimensão que o prjeto está tomando em muitas escolas, podemos também perguntar sobre os docentes que não se propuserem a fazer tal mudança ou não quiserem participar do projeto. como ficará a situação deles? serão obrigados mesmo contra a vontade?
5- Sendo já um fato consumado em muitas escolas da rede estadual, como os especialistas em educação ou as autoridades da rede estadual analisam a formação dos alunos formados com base nesse projeto?
6- Os alunos formados por esse meio terão condições de prestar um vestibular ou mesmo concorrer em uma prova do ENEM com outros candidatos formados no ensino regular?
Todas essas duvidas passam pela nossa cabeça mas tratam-se de apenas algumas dentre muitas outras questões que pedem esclarecimento a respeito da implantação do projeto autonomia que chegou sem que os principais interessados, os docentes, tivessem sabido com antecedência do que se tratava. Pelo menos foi essa a impressão que tive.
Francisco Lima.
Um comentário:
As mudanças são necessárias, mas há que ter critério, pois se não vira a "a zona" que está nesse caso em que ninguèm entende nada.
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