As famílias da pós-modernidade
Recentemente li um artigo no Brasil escola intitulado: crise familiar no qual a autora comenta que as crises dos mais diversos setores da sociedade teriam atingido também a família tradicional, ou seja, o novo modelo familiar seria inadequado e estaria afastando muitas vezes os filhos da convivência com o pai e a mãe, com era no modelo tradicional. Segundo ela, nesse novo modelo, as separações são muito comuns e, na visão da autora, é necessário que haja mais compreensão entre as pessoas e que a crise familiar não deve significar se desfazer do atual casamento e tentar um outro, pois tudo voltaria a ser como antes, isto é, tudo cairia na mesma rotina até que um se canse do outro novamente e queira de novo a separação, como num circulo vicioso.
Concordo com alguns argumentos da autora, principalmente quando ela defende que as pessoas tenham mais compreensão e paciência uns com outros tentando superar as diferenças para aplacar eventuais crises que são e sempre foram comuns em todos os casamentos, pois não existe casamento se não houver diferença, que as vezes pode se transformar em conflito, em divergência. Se um concorda com o outro em tudo, alguém esta mentindo para deixar o seu parceiro satisfeito ou pode ser que um dos parceiros se submeta totalmente ao outro até se anular, não tendo opinião própria para “manter-se feliz” em um casamento sem crise. Isso é precisamente o que prevaleceu em muitos casos no chamado casamento tradicional.Discordo totalmente da autora quando ela, para defender a manutenção do casamento, diz que outros casamentos não dariam certo da mesma forma que o primeiro pois a pessoa que se separou pela primeira vez não conseguiria suportar outro casamento, pois estes teriam os mesmos problemas que o primeiro e ela não suportaria passar por tudo o que já passou de novo. Isso equivale a dizer que toda pessoa que separa estaria inapta ao casamento, pois não teve a “competência” para segurar o primeiro. Sendo assim é melhor que ela permaneça sozinha para sempre e não arrume mais família, pois não tem aptidão para isso. E o mais curioso disso tudo é que autora do artigo, contrariando a tudo o que o defende, casou-se com alguém que já havia se separado e tinha dois filhos de outra relação. Vai entender um negocio desses!!
Não defendo de maneira nenhuma as separações, pois sei o quanto são dolorosas para as crianças, que acabam sendo as principais vitimas desse processo, mas defendo menos ainda muitas coisas que acabam sendo esquecidas todas as vezes que queremos defender o chamado casamento tradicional. Sei que existiam muitas famílias que eram realmente felizes, muito unidas e que até hoje são modelos a serem seguidos, mas sei também que existiam muitos casos em que a aparência era tudo, sendo o homem um verdadeiro carrasco e a mulher tendo que obedecê-lo em tudo, sendo uma sofredora que não tinha direito a vez nem voz. Imaginem as crianças no meio disso tudo? Sofriam muitas vezes com maus tratos e não podiam sequer falar com alguém o que estava se passando com medo de represálias. As mulheres eram as chamadas Amélias que tudo tinham que fazer para segurar o seu casamento, pois a mulher separada era mal vista ( e ainda é em muitos casos) pela sociedade. Por essa razão, suportava tantos sofrimentos calada. Esse foi o modelo de família no qual vivi, sendo o nosso genitor a figura que mais temíamos quando crianças. Minha mãe se defendia na fé, isto é, ia para igreja nos momentos de crises mais agudas, tendo o padre como única testemunha dos fatos e nós, na maioria das vezes, é que ficávamos expostos e sofríamos todas as conseqüências. Para quem estava de fora, no entanto a propaganda era outra, pois para muitas pessoas a nossa família era um bom modelo a ser seguido, já que ninguém sabia o que se passava na nossa “intimidade familiar”.
Em suma, não defendo a chamada família tradicional por não poder separar o que é de fato a “família- modelo do que é só aparência, alguma coisa superficial, mas que é suficiente para que as pessoas olhem e imaginem haver muita harmonia, paz , felicidade etc., enfim, tudo isso para que as pessoas invejem tal família. Eu defendo sim que os pais, separados ou não, sejam amigos dos seus filhos, que estejam preocupados com o seu futuro, que lhes dê muito carinho e aproveite bastante os poucos momentos juntos quando estiverem separados por força das circunstâncias. Quando tiver que ser num modelo familiar diferente do habitual, com filhos de outros casamentos convivendo juntos com meios irmãos, que haja tratamento igualitário dos pais em relação a todos para que a união possa prevalecer e que todos se amem e se tratem como se fossem irmãos de fato, pois os laços consangüíneos, muitas das vezes dizem pouco ou quase nada, porque as vezes encontramos verdadeiros irmãos que são aqueles amigos que estão do nosso lado em todos os momentos da nossa caminhada terrena, especialmente quando mais precisamos.
O amor e o respeito entre todos os membros desses novos arranjos familiares que se configuram são mais importantes que qualquer tentativa de tentar resgatar o que já não tem mais razão de ser em uma sociedade plural como a nossa. A mulher ganhou o seu espaço, mas ainda há muito a ser conquistado. Nessa sociedade, não há mais espaço para o retrocesso. O mais importante nesse processo de mudanças acirradas é fazermos nossa parte transmitindo valores calcados na realidade e não na aparência para criarmos uma geração com valores reais e não fictícios ou aparentes como foi até agora em muitos casos.
Francisco Lima
Recentemente li um artigo no Brasil escola intitulado: crise familiar no qual a autora comenta que as crises dos mais diversos setores da sociedade teriam atingido também a família tradicional, ou seja, o novo modelo familiar seria inadequado e estaria afastando muitas vezes os filhos da convivência com o pai e a mãe, com era no modelo tradicional. Segundo ela, nesse novo modelo, as separações são muito comuns e, na visão da autora, é necessário que haja mais compreensão entre as pessoas e que a crise familiar não deve significar se desfazer do atual casamento e tentar um outro, pois tudo voltaria a ser como antes, isto é, tudo cairia na mesma rotina até que um se canse do outro novamente e queira de novo a separação, como num circulo vicioso.
Concordo com alguns argumentos da autora, principalmente quando ela defende que as pessoas tenham mais compreensão e paciência uns com outros tentando superar as diferenças para aplacar eventuais crises que são e sempre foram comuns em todos os casamentos, pois não existe casamento se não houver diferença, que as vezes pode se transformar em conflito, em divergência. Se um concorda com o outro em tudo, alguém esta mentindo para deixar o seu parceiro satisfeito ou pode ser que um dos parceiros se submeta totalmente ao outro até se anular, não tendo opinião própria para “manter-se feliz” em um casamento sem crise. Isso é precisamente o que prevaleceu em muitos casos no chamado casamento tradicional.Discordo totalmente da autora quando ela, para defender a manutenção do casamento, diz que outros casamentos não dariam certo da mesma forma que o primeiro pois a pessoa que se separou pela primeira vez não conseguiria suportar outro casamento, pois estes teriam os mesmos problemas que o primeiro e ela não suportaria passar por tudo o que já passou de novo. Isso equivale a dizer que toda pessoa que separa estaria inapta ao casamento, pois não teve a “competência” para segurar o primeiro. Sendo assim é melhor que ela permaneça sozinha para sempre e não arrume mais família, pois não tem aptidão para isso. E o mais curioso disso tudo é que autora do artigo, contrariando a tudo o que o defende, casou-se com alguém que já havia se separado e tinha dois filhos de outra relação. Vai entender um negocio desses!!
Não defendo de maneira nenhuma as separações, pois sei o quanto são dolorosas para as crianças, que acabam sendo as principais vitimas desse processo, mas defendo menos ainda muitas coisas que acabam sendo esquecidas todas as vezes que queremos defender o chamado casamento tradicional. Sei que existiam muitas famílias que eram realmente felizes, muito unidas e que até hoje são modelos a serem seguidos, mas sei também que existiam muitos casos em que a aparência era tudo, sendo o homem um verdadeiro carrasco e a mulher tendo que obedecê-lo em tudo, sendo uma sofredora que não tinha direito a vez nem voz. Imaginem as crianças no meio disso tudo? Sofriam muitas vezes com maus tratos e não podiam sequer falar com alguém o que estava se passando com medo de represálias. As mulheres eram as chamadas Amélias que tudo tinham que fazer para segurar o seu casamento, pois a mulher separada era mal vista ( e ainda é em muitos casos) pela sociedade. Por essa razão, suportava tantos sofrimentos calada. Esse foi o modelo de família no qual vivi, sendo o nosso genitor a figura que mais temíamos quando crianças. Minha mãe se defendia na fé, isto é, ia para igreja nos momentos de crises mais agudas, tendo o padre como única testemunha dos fatos e nós, na maioria das vezes, é que ficávamos expostos e sofríamos todas as conseqüências. Para quem estava de fora, no entanto a propaganda era outra, pois para muitas pessoas a nossa família era um bom modelo a ser seguido, já que ninguém sabia o que se passava na nossa “intimidade familiar”.
Em suma, não defendo a chamada família tradicional por não poder separar o que é de fato a “família- modelo do que é só aparência, alguma coisa superficial, mas que é suficiente para que as pessoas olhem e imaginem haver muita harmonia, paz , felicidade etc., enfim, tudo isso para que as pessoas invejem tal família. Eu defendo sim que os pais, separados ou não, sejam amigos dos seus filhos, que estejam preocupados com o seu futuro, que lhes dê muito carinho e aproveite bastante os poucos momentos juntos quando estiverem separados por força das circunstâncias. Quando tiver que ser num modelo familiar diferente do habitual, com filhos de outros casamentos convivendo juntos com meios irmãos, que haja tratamento igualitário dos pais em relação a todos para que a união possa prevalecer e que todos se amem e se tratem como se fossem irmãos de fato, pois os laços consangüíneos, muitas das vezes dizem pouco ou quase nada, porque as vezes encontramos verdadeiros irmãos que são aqueles amigos que estão do nosso lado em todos os momentos da nossa caminhada terrena, especialmente quando mais precisamos.
O amor e o respeito entre todos os membros desses novos arranjos familiares que se configuram são mais importantes que qualquer tentativa de tentar resgatar o que já não tem mais razão de ser em uma sociedade plural como a nossa. A mulher ganhou o seu espaço, mas ainda há muito a ser conquistado. Nessa sociedade, não há mais espaço para o retrocesso. O mais importante nesse processo de mudanças acirradas é fazermos nossa parte transmitindo valores calcados na realidade e não na aparência para criarmos uma geração com valores reais e não fictícios ou aparentes como foi até agora em muitos casos.
Francisco Lima
2 comentários:
Nossa sociedade vive em função do que parece ser, ou seja, você deve fazer de tudo para que a sociedade te veja como um exemplo, mas não precisa ser um exemplo de fato quando está longe de olhos prescrutadores.
É preciso que passemos para os nossos filhos o que realmente praticamos no nosso dia a dia. Chega da hipocrisia do faça o que eu digo, não faça o que eu faço.
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