segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

TRAJETÓRIA DE UM VENCEDOR...

Trajetória de um vencedor.

Ele é um personagem controverso, querido por muitos odiado por alguns, mas que tem alguns atributos que mesmo aqueles que dizem não admira-lo têm que admitir essas qualidades: É uma figura carismática e possui uma liderança que até os seus supostos inimigos hoje admitem.
Como muitos brasileiros é filho de família pobre, aliás, paupérrima e passou fome na infância, enfrentou a aventura do pau de arara do Nordeste para são Paulo e foi com muita batalha que conseguiu galgar um caminho de sucesso até chegar aonde chegou.
Entrou para o movimento sindical no final dos anos sessenta e batalhou muito até conseguir aproximar o sindicato daqueles que são a razão de ser dessa entidade, ou seja, dos trabalhadores. Teve total êxito em sua empreitada e conseguiu 98% dos votos em sua segunda candidatura a presidente da entidade.
É bom lembrar que para os trabalhadores o sindicato, antes da entrada em cena desse personagem, era algo totalmente distante, quase uma abstração. Essa situação só foi mudando quando esse personagem entrou em cena e colocou em pratica os planos que acalentara desde que foi eleito diretor da entidade pela primeira vez no fim dos anos 60. Podemos afirmar com toda a certeza que foi ele o responsável por criar toda a estrutura para tornar o sindicato o que viria a ser posteriormente. As mudanças empreendidas por ele foram, nesse sentido, o divisor de águas para mudanças em outros sindicatos da mesma categoria, tendo até mesmo influência em outras entidades de outras categorias. Desse modo, o cara revolucionou não só o sindicato do qual era presidente, mas também serviu como referência para outras categorias e não foi a toa que ganhou tão grande notoriedade.
Durante toda a sua carreira sindical, leu bastante, se muniu de todo o material teórico que lhe embasasse para discutir com quem quer que seja e em igualdade de condições sobre socialismo, marxismo e outras leituras necessárias a um sindicalista bem informado. Não ficou para trás nesse sentido, mas não achou necessária uma formação acadêmica. Talvez isso não tenha sido tão importante para alguém que se constituía na luta diária da base sindical, alguém que se tornava mais e mais importante a cada dia, sem, no entanto buscar isso para si como vaidade pessoal.
Mas ele foi ganhando notoriedade pelo seus feitos, pelo que se mostrava no dia a dia e não por favores de quem quer que seja. Alcançou fama internacional pelo que tinha conseguido graças aos seus próprios esforços na luta sindical e sua importância, a essa altura, já transcendia o movimento sindical.
A elite brasileira que sempre foi conservadora e preconceituosa começou a incomodar-se com o destaque que estava ganhando esse “Zé ninguém”. Esse filho pobre do nordeste não poderia merecer tamanho destaque dos meios de comunicação. Era insuportável tolerar um cara que fala um português incorreto, que se porta como um “cafona e grosseiro” e tem os seus modos semelhantes aos pobres que não sabem se portar em ambientes requintados. Era necessário que se fizesse alguma coisa para tira-lo de cena.
Ele foi um nome de destaque na fundação do partido dos trabalhadores (PT) e a elite não conseguiu fazer nada para frear a sua ascensão e o cara conseguiu eleger-se deputado federal. Foi longe demais, diria essa mesma elite que não mais suportava vê-lo em seu meio sem que tivesse qualquer mérito de berço que o justificasse. Se ao menos tentasse se adaptar, vá lá! Mas o cara teima em ser pobre no meio dos ricos! Desse jeito, acaba subvertendo a ordem natural das coisas e isso é imperdoável.
O tempo passa e o sujeito, muito sem noção do seu lugar na sociedade, acaba candidatando-se a presidente da republica. Tá bom, candidato qualquer um pode ser!! Com certeza ele será mais um daqueles que só querem aparecer e não dará nem para a saída, pois o povo não será tão ignorante a ponto eleger um “semianalfabeto” a presidente! Opa! Aconteceu o que ninguém esperava, pois o azarão, o cavalo paraguaio foi muito bem votado e foi para o segundo turno e disputará agora com o candidato que é o modelo perfeito. Homem bonito, culto, chique, e que fala vários idiomas. Apesar de ter surgido na política pelos favores de políticos ligados à sua poderosa família, ainda assim, é o homem perfeito. Com formação universitária e currículo impecável é o homem ideal para dirigir a nação. Somente Collor, esse é nome do candidato da elite e de toda a imprensa marrom, tem competência para dirigir um país tão complexo. Se não for elle, não haverá em hipótese alguma de ser o outro.
As pesquisas indicam que o candidato sem méritos, sem berço e que deseja tornar o País uma nação de descamisados, de pobres, está crescendo mais do que o previsto. O outro, o candidato da elite reage prometendo acabar com os descamisados, mas o golpe de misericórdia foi dado pela imprensa marrom. A rede globo editou um debate em que o candidato dos pobres foi muito melhor e os jornais seguiram a farsa global e disseram que o representante da elite fora mais articulado.
Como se tudo isso não bastasse, o representante dos afortunados contratou uma mulher miserável para derrubar de vez todas as chances do pobre que deseja chegar ao poder. A mulher diz que tem um filho abandonado e que o pai seria justamente o pobre que teimava em se meter no mundo dos ricos. Foi o golpe fatal . O povo não ia votar em um cara que tem coragem de abandonar um filho, embora milhões de crianças sejam abandonadas pelos seus genitores pelo País afora. A farsa foi descoberta mais tarde, pois a mulher não recebeu o pagamento pelo “serviço prestado” e botou a boca no trombone.
A luta contra a elite e os preconceitos sofridos não desanimaram o então outrora preferido dos pobres. Agora não apenas os pobres, mas uma grande parcela da classe média já reconheciam o seu valor. Isso, no entanto, não foi suficiente para ele vencer o agora representante dos ricos FHC. O plano real, tido como feito do candidato, foi suficiente para elegê-lo duas vezes derrotando um cara que já não era um intruso que se imiscuiu no universo dos ricos. Era uma ameaça real e a elite se desesperou quando não tinha mais candidato que pudesse lhe fazer frente. FHC não poderia mais ser candidato e os seus pares não possuíam o mínimo carisma. A arrogância do candidato da situação, José Serra, acabou sendo um grande obstáculo que, desse modo, não teria chances contra o agora fortalecido e insistente operário que via finalmente a chance de ser o maior mandatário desse País.
O cara conseguiu vencer as eleições e governou contra os preconceitos da elite, contra a imprensa que tudo fez para tentar envolvê-lo diretamente nos muitos casos de corrupção então divulgados. As alianças que teve que fazer em nome da governabilidade colocou na base aliada do governo políticos corruptos, inescrupulosos e os fatos chegados à imprensa chegaram a abalar a credibilidade do governo, mas, para desespero dos ricos, conservadores e imprensa marrom, sempre esteve longe de abalar a imagem do agora popularíssimo presidente.
Um novo mandato lhe foi concedido e sua vitoria foi esmagadora. Agora a maior parte dos analistas elogiam os feitos do governo. A imprensa continua em busca de fatos negativos que eventualmente estejam associados à figura do presidente. Não conseguindo tais fatos, tenta ridicularizá-lo insistindo no que chama de gafes mostrando os supostos erros e tropeços com as palavras que nada mais são que o jeito simples de quem fala de forma natural sem a preocupação com o que seria erro do ponto de vista gramatical. A imprensa deixa bem claro que o preconceito que nutre pelo presidente jamais terá fim. É até compreensível, pois a nossa imprensa sempre esteve e está a serviço da elite. Dá para entender que se trata de um antagonismo que opõe os intelectuais e ricos preconceituosos de um lado e os pobres e supostamente iletrados do outro.
O prestigio alcançado ao redor do mundo, não pode ser fruto do acaso. A sorte, que alguns lhe atribuem em larga escala para justificar seus feitos, não lhe daria a honra de ser elogiado pelo homem mais importante do mundo, o presidente dos Estados Unidos. E não é qualquer presidente, pois se trata de Barack Obama, a liderança carismática mais importante dos últimos tempos na política norte-americana. Enquanto Obama dizia que Lula era o cara mais conhecido da face da terra, a imprensa brasileira ainda caía de pau no nosso cara apenas por que ele disse a incontestável verdade de serem os loiros de olhos azuis os responsáveis pela crise econômica que assolava o mundo na época. Eis um paradoxo que deixou a nossa imprensa marrom com um sorriso amarelo.
Mas a batalha de Lula contra o preconceito, porém, não se limita a apenas ter que enfrentar a elite e a imprensa. Muitos pobres “iletrados” e alguns supostamente esclarecidos, mas, que talvez sejam mais ignorantes que os primeiros mostram por ele uma resistência às vezes maior que a mostrada pela elite, que não é boba e já viu o valor de Lula, embora jamais admitam isso. Pois bem esses pobres e os esclarecidos ignorantes deixam que o preconceito seja tão grande que nem buscam saber a veracidade dos fatos. Preferem acreditar no acham ser verdade, movidos pelo discurso preconceituoso da imprensa e não se dão conta do quanto estão sendo ignorantes e manipulados pelos poderosos.
Na minha opinião o Brasil se tornou mais justo com a eleição de Lula. Até então, tínhamos uma “democracia para ricos”, onde eles se revezavam no poder e para os pobres, muitas vezes, eram negados até os direitos mais básicos. Reconheço que ainda há muito que fazer nesse sentido, mas a elite já está preocupada e luta com todas as armas possíveis para manter o seu status quo e nós, às vezes, estamos dando a nossa contribuição, sem nos darmos conta, para a manutenção desses privilégios dos bem nascidos.

Francisco Lima

Um comentário:

Anônimo disse...

O PRECONCEITO É FILHO DA IGNORÂNCIA. O POVO BRASILEIRO AINDA É MUITO INFLUENCIADO PELA MÍDIA E PELA OPINIÃO DOS MAIS ABASTADOS. MAS ISSO, FELIZMENTE, POUCO Á POUCO, ESTÁ SE TRANSFORMANDO E O NOSSO PAÍS SÓ SERÁ MELHOR QUANDO BANIRMSO DE VEZ ESSA VISÃO PRECONCEITUOSA DE QUE TEMOS DAS PESSOAS.