quarta-feira, 26 de agosto de 2009

SERÁ QUE ESTAMOS FAZENDO A NOSSA PARTE...?


Estamos vivendo um momento em que o ceticismo atormenta muita gente, o que pode ser atribuído em parte ao fato de as coisas se tornarem obsoletas “num piscar de olhos”, isto é, nada mais existe de duradouro e a transitoriedade passou a ser um conceito que pode ser aplicado a quase todas as coisas e mercadorias de uso corrente. Nesse contexto, um aparelho eletrônico qualquer, que é o top de linha de hoje “vira lixo no dia seguinte”, numa torrente que arrasta a quase todos com poucas exceções à busca desesperada pelo ter, pela aquisição do celular que é o tudo de bom da vez, do mp3, mp4, mp5.....mp200.... Enfim, mp ao infinito. Não há limites para essa febre que alcança a todas as idades, pois as crianças já nascem consumistas e aprendem desde cedo com a televisão a conjugar o seu primeiro verbo: comprar. Essa é talvez a primeira palavra aprendida pela quase totalidade das crianças que são submetidas diariamente a esse bombardeio que são os intervalos comerciais da televisão, especialmente nos canais de programação infantil. O mais preocupante, porém é que não são apenas as mercadorias, as tecnologias e etc. que passam sem nos darmos conta disso...

Voltando ao que eu ia dizendo no parágrafo anterior e fui interrompido pelas minhas divagações: junto com toda essa febre de consumo em que tudo é transitório, me parece que também se tornaram transitórios, igualmente efêmeros, os sentimentos que os seres humanos nutrem uns pelos outros. O interesse, a meu ver, move as relações humanas modernas e todos só valem pelo que tem e não mais pelo que são. O ter é o verbo da moda, enquanto o ser vai tornando-se cada vez mais obsoleto. Será isso uma conseqüência desses novos tempos? Pode ser...
Junto a toda essa degradação dos sentimentos que na sociedade moderna se tornaram tão descartáveis como os objetos que compramos, vem à reboque um fenômeno que tem sobre a sociedade conseqüências ainda mais drásticas. Estou falando da atual ausência de valores e do fato de muitas pessoas sequer saberem o significado da palavra ética. Para muitos, não existe nenhum problema em comprarem um objeto muito mais barato que o seu preço normal de alguém que, der repente o aborda na rua, sendo que se esse mesmo objeto se fosse comprado numa loja teria direito a nota fiscal e a garantia que são devidos a todo cidadão. Para essas pessoas, pouco importa a origem do bem adquirido, importando somente a vantagem que eventualmente possam ter com esse tipo de transação. Se pensassem um pouco no que pode significar uma atitude como essa, se refletissem apenas um pouquinho chegariam à conclusão de que existe a hipótese de estarem comprando objetos de origem ilícita e dessa forma, estimulando o crime, dando fôlego a diversos tipos de ações criminosas.

Por incrível que pareça, ouço muitas pessoas que se julgam muito honestas e atitudes como as descritas acima são comumente por elas praticadas e consideradas como algo absolutamente normal. São as mesmas pessoas que subornam policiais para se livrar de uma eventual multa e acham isso uma atitude corriqueira, que não afetará em nada a sua integridade de “cidadão honesto” e cumpridor dos seus deveres. São tidos como modelos e dizem que ninguém jamais poderá levantar qualquer suspeita contra eles, pois nunca fugiram do padrão de honestidade que consideram normal em nossa sociedade. Ai é que mora o perigo! São esses “pequenos desvios” que acabam criando uma bola de neve. Não podemos cobrar dos nossos filhos e até mesmo dos políticos que elegemos atitudes incompatíveis com o nosso modo de agir no dia a dia. Temos que ser verdadeiramente cidadãos exemplares e não apenas fazer de tudo para que pareçamos como tais.

Sabemos que é grande a tentação de cairmos nas armadilhas que encontramos quando se nos afigura mais fácil resolvermos determinadas situações por meio de um suborno que nos livraria de embaraços futuros. Nesse caso, temos que procurar andar dentro da lei para evitar tais acontecimentos. Quando adquirimos algum objeto de origem duvidosa é sempre bom lembrar que poderemos ser a próxima vitima, ou seja, poderemos ser roubados para que outrem venha a comprar o produto desse mesmo roubo, alimentando essa perigosa engrenagem. Se formos pensar bem somos indiretamente culpados, pois alimentamos tal situação. Não podemos considerar como normais atitudes que estimulam o crime e se tornam um verdadeiro câncer para uma sociedade tão carente de valores como a nossa. Temos que ensinar para os nossos filhos que a honestidade passa pela resistência a situações como essas. Não podemos ensinar os nossos filhos, os nossos alunos, sem que haja da nossa parte a reprovação sistemática de tais ações em nosso cotidiano. Só assim estaremos fazendo a nossa parte para criarmos uma sociedade melhor.

Francisco Lima


Um comentário:

Anônimo disse...

É FUNDAMENTAL DARMOS O EXEMPLO...POIS SÓ COM EXEMPLO SE PODE EDUCAR ALGUÉM. NÃO SE EDUCA NINGUÉM APENAS COM PALAVRAS.