Uma inversão de prioridades
Não sou contrário aos programas de inclusão digital, pois sei que pode representar oportunidades para muitas pessoas, especialmente os mais necessitados, que muitas das vezes conseguem oportunidades no mercado de trabalho pelo simples fato de fazer um curso de informática através desses programas. Entretanto, o que está acontecendo na secretaria estadual de educação do RJ e uma completa inversão de prioridades, pois, existem problemas básicos como a falta de professores, a baixa remuneração docente e outros tantos que pedem urgência na sua resolução, mas tem sido completamente ignorados durante anos. Todos esses problemas foram constatados pelo secretário anterior, Nelson Maculam, que inclusive disse que a educação estadual estava falida. Pois bem ele foi demitido por ter colocado as cartas na mesa, isto é, por querer resolver todas essas carências, não tendo apoio do governador Sergio Cabral.
Agora estamos vivendo uma situação que talvez não seja do conhecimento do publico em geral, visto que isto não é divulgado muito na grande imprensa. Enquanto a falta de professores vai se tornado um problema de difícil solução, pois a fuga da rede é algo espantoso, com milhares de professores saindo todo ano, entre aposentadorias e pedidos de exoneração, pois cada vez menos professores querem passar pela situação de ganhar 600 reais e encarar tantas situações adversas. Enquanto isso a nossa secretária de educação em vez de contratar novos docentes, resolveu diminuir o número de turmas, ou seja, as turmas ficaram ainda mais lotadas, tornando praticamente inviável o trabalho do professor. É comum turmas com sessenta alunos em espaços que mal cabem quarenta. Pelo exposto, dá para imaginar a situação dos professores, tendo que fazer mágica para dar aula. Como se fosse possível dar uma aula decente em uma situação como esta!!
A distribuição de Laptops para os professores e agora para todas as salas de aula do Estado, até que seria uma boa resolução se não houvessem os problemas citados, sendo que todos requerem muito mais urgência. Não dá para pensar em informatização sem antes resolver os problemas básicos de uma rede de educação que sequer pensa em remuneração digna para os seus docentes.
A distribuição de computadores é mais um artifício para que a imagem do nosso governador esteja para sempre atrelada a este feito, mas os problemas da educação do Rio de Janeiro precisam ser vistos com mais seriedade e não serão as falsas promessas e o discurso demagógico que resolverão tais problemas.
Francisco Lima
Um comentário:
Ótimo, Chico, representastes muito bem nossa categoria!
Apenas um breve comentário aos leitores: os notebooks não são nossos, mas sim acautelados, e caso entremos de licença superior a 30 dias, somos OBRIGADOS a devolvê-los para a escola, bem como em caso de aposentadoria, enquanto os alunos que se destacam, para fazer média, nosso ilustre governador presenteia-os. É isso, companheiro, a luta continua!
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