domingo, 13 de fevereiro de 2011

EDUCAÇÃO E DESIGUALDADE SOCIAL...

Educação e desigualdade social.

Penso que é um grande desafio tentar recuperar a auto-estima de uma juventude que vive num mundo pleno de desenvolvimento, mas que está se tornando vazio de ideais, pois as grandes conquistas sociais já estariam consolidadas e à eles só restaria viver sem almejar mudanças significativas nesse quadro que aí está.
Entretanto, muito há ainda para se fazer se realmente queremos viver em sociedades mais justas. Sociedades onde as condições de vida não sejam tão dispares como acontece como acontece nesse mundo atual de separa claramente países globalizados de países globalizadores.
O Brasil encontra-se na categoria de país globalizado e, como tal, ostenta graves problemas sociais, sendo que um dos problemas mais graves é a concentração de renda. O Relatório da ONU (PNUD), divulgado em julho de 2009, aponta o Brasil como o terceiro pior índice de desigualdade no mundo. Quanto à distância entre pobres e ricos, nosso país empata com o Equador e só ficava atrás de Bolívia, Haiti, Madagáscar, Camarões, Tailândia e África do Sul.
Em um artigo para o jornal correio do Brasil Frei Beto aponta que:
“Mais da metade da população do Brasil detém menos de 3% das propriedades rurais. E apenas 46 mil proprietários são donos de metade das terras. Nossa estrutura fundiária é a mesma desde o Brasil império! E quem dá emprego no campo não é o latifúndio nem o agronegócio, é a agricultura familiar, que ocupa apenas 24% das terras, mas emprega 75% dos trabalhadores rurais.”
Há muitos outros índices que mostram um retrato fiel das muitas desigualdades existentes em nosso país no entanto, vamos nos deter um pouco mais apenas no que diz respeito à educação e as desigualdades nesse setor.
Há décadas que educadores de renome como Anízio Teixeira entre outros chamam a atenção dos governantes para a necessidade de universalização da educação. Aqueles educadores, porem, queriam que essa universalização trouxesse no seu bojo igualdade de oportunidade. Veremos, no entanto, que isso não aconteceu.
Apenas a partir dos anos 1990 é que começa uma expansão em larga escala das oportunidades de inserção no sistema educacional no Brasil. A LDB/96 prevê a universalização do ensino fundamental para as crianças até os 14 anos de idade. Também fala da inserção daqueles que não conseguiram terminar os estudos na idade apropriada. Assim, a EJA também é inserida na lei para atender a uma demanda cada vez maior de jovens e adultos excluídos do sistema educacional regular.
Os anos 2000 vê um aumento significativo das matrículas no ensino médio e um numero significativo de jovens tem agora condições de terminar a educação básica e, quem sabe, até pensar em cursar uma universidade publica.
O grande paradoxo encontra-se aí, pois a expansão quantitativa não foi acompanhada na qualidade e são raros aqueles jovens que terminam a educação básica nas redes publicas estaduais que tem condições de ingressar em uma instituição de ensino superior publica. É urgente ques se invista na qualidade da educação publica de base para que as oportunidades educacionais sejam mais equitativas.
Novas alternativas de inserção
O projeto autonomia, apesar dos pesares, representa uma tentativa de reinserir muitos jovens e adolescentes que, por motivo de repetência entre outros, acabaram excluídos da rede regular de ensino. O método é interessante, pois trabalha com vídeo-aulas, leitura de imagens etc. ao mesmo tempo em que se propõe a adentrar mais no “universo do aluno” através de dinâmicas de grupo e outras ferramentas que criam uma relação mais estreita alunos-alunos e alunos-professor e representa também uma tentativa de resgatar a alto estima de um aluno que, muitas vezes não se acha mais capaz de seguir estudando.
Propõe-se, com esse método, uma educação para tornar o jovem autônomo e critico. Uma maneira de emancipar o jovem para seguir adiante e terminar, pelo menos, a educação básica. Não estou falando ainda da Educação emancipadora proposta por Paulo Freire, mas quem sabe possamos chegar perto disso.
Para aquele grande mestre a Educação emancipadora não é tarefa apenas de professores. Ela se constitui em um processo coletivo que assume como norte, a reflexão acerca da necessidade e da possibilidade de a população oprimida despertar para as tarefas necessárias para a modificação da estrutura social vigente. A proposta de Educação Emancipadora, engloba alunos, professores ou quaisquer outras pessoas que optem pela transformação social, que entendam a sociedade sob a perspectiva das tensões expressas pela desigualdade social.
A proposta do autonomia incorporou essa vertente de educação coletiva proposta por Freire e eu, como participe desse processo, pois vou trabalhar em uma turma do autonomia carioca, não almejo que os alunos pretendam mudar a estrutura social vigente. No entanto, se eles conseguirem recuperar a alto-estima e mudar os rumos da própria vida, acreditando que são capazes de melhorar as suas condições sociais, tornando-se autores de suas historias eu já me darei por satisfeito.
Mais do que isso, pelas condições adversas que teremos enfrentar, é utopia.

Francisco Lima

2 comentários:

Anônimo disse...

Boa sorte!! Se a vontade de acertar estiver com você, tudo dará certo. Acredite e trabalhe: essa é a fórmula do sucesso!!

FRANCISCO ASSIS DE LIMA disse...

Eu ainda tinha um pouco de romantismo e até mesmo de ingenuidade nessa época. Agora, pretendo recomeçar, porém com os pés mais fincados no chão e mais ciente de que a realidade não imita os contos de fadas.