Para se fazer um bom trabalho docente é preciso engajamento e eu observo que a quase ausência desse fator, em muitos casos, pode estar levando a uma situação em que, nós, os professores fazemos nosso trabalho sem muitos compromissos com os alunos, com a comunidade escolar na qual estamos inseridos e voltamos para o nosso mundo sem nos darmos conta de que podemos estar “cavando um abismo” ou “construindo um muro de grandes proporções” entre nós e a comunidade escolar da qual devíamos ser uma parte indissociável.
Mas, não somos nós, os professores, que temos que arcar com esse ônus tão pesado. Estamos à deriva nesse barco e somos, assim como os alunos em maior proporção, afetados pelo descaso de décadas praticamente sem políticas publicas efetivas voltadas para a área de educação. O pouco engajamento de muitos docentes, e o meu caso é um deles, é muitas vezes justificado pelo fato de fazermos jornadas duplas, às vezes tripla, para sobrevivermos. Há muitos mestres que gostariam de ter tempo para se dedicar melhor ao seu oficio, que amam a profissão e fazem questão de deixar isso claro. Muitos, que apesar dos desencantos, das ilusões e as muitas dificuldades encontradas em salas superlotadas e a falta das condições mínimas para exercerem o seu oficio com dignidade, acreditam que dias melhores virão. Alguns porem, não esperam acontecer e já estão, como diria Vandré, fazendo a hora, isto é, fazendo o que podem, na medida do possível para mudar a realidade a seu redor.
Entrementes, ainda que não tenhamos que carregar toda a culpa da situação vigente (e não temos), em muitos casos, podemos tentar fazer mais, e eu me incluo nesses casos, fazendo uma mea culpa. Fazer o “possível” as vezes não é suficiente, pois se nos engajarmos mais poderemos fazer o que até então era considerado “impossível.” Sabemos que o desafio é grande, que as autoridades políticas precisam fazer muito mais que utilizar a educação como plataforma de governo para se elegerem.
A educação deve ser tratada com seriedade, pois é o caminho único e sem atalho para levar um Pais a um progresso sustentável. O nosso país está vivendo uma crise de mão de obra qualificada, fruto desse descaso de décadas, pois, com eu já disse, não se pode fazer objeto de retórica com um assunto tão serio e de importância capital para qualquer nação. Nós, professores, podemos protagonizar essa grande mudança começando o nosso trabalho de formiguinha dentro das comunidades escolares nas quais estamos inseridos. O ideal é que pudéssemos nos dedicar exclusivamente a uma escola, mas, como ainda não há condições para isso, que sejamos os “heróis anônimos” e façamos a nossa parte nesse grande processo.
Francisco Lima