domingo, 29 de novembro de 2009

REFLEXÕES ACERCA DO TRABALHO DOCENTE...

Reflexões acerca do trabalho docente

Para se fazer um bom trabalho docente é preciso engajamento e eu observo que a quase ausência desse fator, em muitos casos, pode estar levando a uma situação em que, nós, os professores fazemos nosso trabalho sem muitos compromissos com os alunos, com a comunidade escolar na qual estamos inseridos e voltamos para o nosso mundo sem nos darmos conta de que podemos estar “cavando um abismo” ou “construindo um muro de grandes proporções” entre nós e a comunidade escolar da qual devíamos ser uma parte indissociável.

Mas, não somos nós, os professores, que temos que arcar com esse ônus tão pesado. Estamos à deriva nesse barco e somos, assim como os alunos em maior proporção, afetados pelo descaso de décadas praticamente sem políticas publicas efetivas voltadas para a área de educação. O pouco engajamento de muitos docentes, e o meu caso é um deles, é muitas vezes justificado pelo fato de fazermos jornadas duplas, às vezes tripla, para sobrevivermos. Há muitos mestres que gostariam de ter tempo para se dedicar melhor ao seu oficio, que amam a profissão e fazem questão de deixar isso claro. Muitos, que apesar dos desencantos, das ilusões e as muitas dificuldades encontradas em salas superlotadas e a falta das condições mínimas para exercerem o seu oficio com dignidade, acreditam que dias melhores virão. Alguns porem, não esperam acontecer e já estão, como diria Vandré, fazendo a hora, isto é, fazendo o que podem, na medida do possível para mudar a realidade a seu redor.

Entrementes, ainda que não tenhamos que carregar toda a culpa da situação vigente (e não temos), em muitos casos, podemos tentar fazer mais, e eu me incluo nesses casos, fazendo uma mea culpa. Fazer o “possível” as vezes não é suficiente, pois se nos engajarmos mais poderemos fazer o que até então era considerado “impossível.” Sabemos que o desafio é grande, que as autoridades políticas precisam fazer muito mais que utilizar a educação como plataforma de governo para se elegerem.
A educação deve ser tratada com seriedade, pois é o caminho único e sem atalho para levar um Pais a um progresso sustentável. O nosso país está vivendo uma crise de mão de obra qualificada, fruto desse descaso de décadas, pois, com eu já disse, não se pode fazer objeto de retórica com um assunto tão serio e de importância capital para qualquer nação. Nós, professores, podemos protagonizar essa grande mudança começando o nosso trabalho de formiguinha dentro das comunidades escolares nas quais estamos inseridos. O ideal é que pudéssemos nos dedicar exclusivamente a uma escola, mas, como ainda não há condições para isso, que sejamos os “heróis anônimos” e façamos a nossa parte nesse grande processo.
Francisco Lima

terça-feira, 17 de novembro de 2009

A NOVA PROVA DO ENEM...

Nova prova do ENEM

A mudança do modelo da prova do ENEM centrada agora em áreas e não mais em disciplinas, pode trazer alterações na educação básica, especialmente, a principio, no ensino médio. As novidades são a divisão da prova em áreas distintas como: matemática e suas tecnologias, ciências da natureza e suas tecnologias, Ciências Humanas e suas Tecnologias e Linguagens, Códigos e suas Tecnologias. Deverão ser 50 questões para cada uma dessas áreas.Há a possibilidade, porém de uma mesma pergunta incluir, ao mesmo tempo, temas de história e geografia, de biologia e química ou de literatura e compreensão de linguagem. Especialistas afirmam que esse novo modelo exigirá dos estudantes conhecimento, raciocínio e, principalmente, capacidade de relacionar temas para chegar à resposta correta. Modelos de questões mostram que o novo Enem será não apenas mais longo, mas bem mais complexo. “No Enem atual, o aluno não precisa, por exemplo, saber ciências. Uma pessoa que lê bastante pode ter um bom resultado”, explica o presidente do INEP, Reynaldo Fernandes. “O novo exige mais conhecimento de conteúdo.”

Por tudo que foi exposto acima, acredito que pode haver, a principio, uma elitização do acesso ao ensino superior, pois a prova do ENEM continuará servindo como critério para o ingresso nas universidades particulares com a concessão de bolsas para os alunos mais bem colocados através do programa PRO-UNI, além também de ser usada por diversas universidades publicas pelo País afora. Agora somente aqueles que tiveram acesso a uma educação de qualidade ou se dedicarem bastante poderão alcançar o objetivo de conseguir a bolsa do PRO-UNI ou passar em uma das universidades publicas que adotarem o novo modelo.

De acordo com algumas pessoas ligadas a área de educação o objetivo principal desse novo modelo de avaliação integrado é a otimização das estruturas do vestibular e das Universidades. Nesse sentido, a falsa mobilidade prometida pela possibilidade de o candidato inscrever-se para cinco cursos diferentes, nada mais seria na verdade, do quê garantir que o maior número possível de vagas seja preenchido ao fim do processo unificado. Quer dizer, não importa se o aluno sonhou a vida inteira em ser engenheiro civil. Na sinuca do vestibular ele poderá ser encaçapado no curso de psicologia de uma outra instituição, onde, por ventura, os recursos não estejam sendo utilizados de forma "otimizada".

Apesar das opiniões divergentes, segundo o MEC, um dos principais objetivos com a proposta do novo Enem é reorientar o currículo do ensino médio, aproximando mais os conteúdos da realidade social dos alunos, isto é, as disciplinas isoladas não mais existiram da maneira como estão e passariam a ser trabalhadas de forma integrada com outras da mesma área, tal como é a proposta da nova avaliação do ENEM. Se o objetivo de tal proposta tiver realmente o intuito de melhorar a educação básica, pode e deve merecer todo o apoio da sociedade. Agora mais do que nunca a educação básica precisará melhorar para acompanhar as mudanças impostas verticalmente pelo novo modelo do ENEM. Mas é necessário que haja investimento para que as coisas aconteçam sem o que nada sairá da mesmice.

Em suma, quem acompanha a situação de perto, pelo menos no que tange aos alunos do ensino médio do estado do Rio de Janeiro sabe que a maioria desses alunos não têm condições de passar em uma prova com o grau de dificuldade da nova prova do ENEM. Na antiga o grau de dificuldade era bem menor. Por isso, será preciso muito mais que imposição vinda de cima e mudança no currículo. Serão necessários investimentos para que se dêem, em muitos casos, as condições mínimas de trabalho para que os professores possam acompanhar esse novo contexto e desenvolver um trabalho digno com seus alunos.

Francisco Lima